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Inverno piora situação de europeus durante a crise

Prefeito na Romênia chegou a fazer greve de fome para evitar cortes nos subsídios para aquecimento

Mais de 250 mil pessoas são esperadas para o ano novo em Londres, após onda de frio (Panhard/Wikimedia Commons)

Mais de 250 mil pessoas são esperadas para o ano novo em Londres, após onda de frio (Panhard/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2011 às 15h48.

Londres - Enquanto nas ruas há protestos contra as medidas de austeridade, dentro de casa os europeus sentem as consequências da crise e da falta de dinheiro. Alguns lutam para manter o aquecimento no inverno que se aproxima, outros apelam para as refeições gratuitas em abrigos e se livram dos animais de estimação.

A crise da dívida que atinge a zona do euro tem levado governos a cortar gastos, incluindo programas sociais, e aumentar os impostos. O desemprego aumenta, e muitos europeus se programam para um futuro ainda pior.

Um prefeito na Romênia, Florin Cazacu, fez uma greve de fome de seis dias na semana passada por causa dos cortes nos subsídios para o aquecimento, o que significava que a sua cidade, Brad, poderia não conseguir arcar com o serviço. Dez mil moradores, instituições públicas e de saúde poderiam ter pela frente um inverno duro.

"Minha greve de fome foi uma solução extrema, um grito de socorro de um prefeito pela comunidade", disse Cazacu à Reuters por telefone, neste domingo.

Ele suspendeu a greve no sábado depois que o governo central concordou em pagar uma quantia que vai cobrir, segundo o prefeito, apenas de 15 a 20 dias de aquecimento na cidade.

"Vai ser preciso que o governo distribua óleo das suas reservas para cobrir as necessidades do inverno inteiro", afirmou o prefeito.

O governo da Romênia, o segundo mais pobre Estado-membro da União Europeia (UE), e país onde o salário médio é menor que 400 euros por mês, cortou salários e aumentou impostos para conter o déficit orçamentário.


Na Grécia, os fornos de lenha, símbolo de pobreza no passado, estão voltando. O preço do aquecimento disparou depois que o governo de Atenas aumentou os impostos sobre energia também para conter os seus déficits.

"Os negócios dobraram", afirmou Costas Mitsionis, vendedor desse tipo de forno. Ele é um dos raros rostos alegres num mercado em Atenas. "Todos querem comprar, pobres e ricos." Mesmo na rica Alemanha, a crise levou ao renascimento do "sopão", de acordo com o autor de um livro sobre pobreza.

"Há cerca de 700 'sopões' em todo o país, onde pobres podem ir para ter uma refeição quente e gratuita", disse Ulrich Schneider. "Os sopões praticamente não existiam na Alemanha há uma década. Agora, eles recebem cerca de um milhão de pessoas por dia." Não são só os pobres que sentem a dor da crise na Europa.

Na Grã-Bretanha, país que não é parte da zona do euro e sobre o qual se costuma brincar que as pessoas gostam mais dos seus animais de estimação do que umas das outras, mesmo os amados bichos têm que ser retirados do orçamento doméstico.

O abrigo de cães e gatos de Battersea, na capital britânica Londres, registrou neste mês um aumento do número de pessoas que estão desistindo dos seus animais.

"Perdi o meu emprego há quatro meses, e agora estou preocupado porque posso perder a minha casa. Shady é o meu melhor amigo, e eu o tenho há dois anos, mas não posso sustentá-lo mais", disse Aaron LeBlanc, dono do cão Shady.

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