O governo francês deve anunciar nesta sexta-feira, 6, medidas para combater a infestação de percevejos em Paris. Segundo o porta-voz do governo, Olivier Verán, uma reunião para tratar o tema será realizada hoje. A prefeitura da cidade pediu ajuda ao presidente Emmanuel Macron para combater a praga, solicitando a criação de uma força especial. 

Na últimas semanas, as redes sociais foram inundadas por vídeos desses insetos no metrô de Paris, em trens de alta velocidade, cinema e outros locais públicos. Relatos de pessoas com manchas vermelhas pelo corpo após o ataque do inseto também se tornaram comum.

Os percevejos se tornaram alvo de disputa política e o governo multiplicou o número de medidas anunciadas em meio as críticas sobre a falta de ação. Os operadores de transporte público foram convocados pelo Ministério dos Transportes e o governo anunciou um projeto de lei para conter o inseto até o final do ano.

De acordo com uma pesquisa da Ipsos encomendada em julho pelas autoridades sanitárias do país, entre 2017 e 2022, cerca de 11% das residências francesas tiveram problemas com percevejos.

"Estes pequenos insetos estão semeando o desespero em nosso país", disse a deputada de esquerda Mathilde Panot, segurando um frasco com percevejos durante discurso no parlamento. Na mesma linha, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse que os percevejos são "uma fonte de ansiedade" na população e pode ser uma "provação" para os afetados.

Entre as medidas que foram tomadas pelas autoridades francesas, está o fechamento de escolas em Marselha (sudeste) e perto de Lyon (leste) para dedetizá-las, assim como o pronto-socorro do hospital de Boulogne-sur-Mer (norte), que ficou interditado por um dia. A Agência Sanitária francesa também recomendou que a população verifique suas camas de hotéis, em caso de viagens, e que seja cautelosa ao levar móveis ou colchões de segunda mão para suas casas. Apesar das medidas, o ministro da Saúde francês, Aurélien Rousseau, disse acreditar que a situação está dentro do controle. "Acho que não é motivo para pânico generalizado", disse à rádio France Inter.

Na mesma linha, o ministro dos Transportes, Clement Beaune, disse que não há qualquer evidência científica que exista uma infestação de percevejos. “Não há aumento de casos, não há psicose, não há necessidade de ansiedade”, disse. Beaune afirmou ainda que pediu que os operadores de transportes realizem registros dos casos de insetos nos trens. 

O percevejo pode morder e se alimentar do sangue humano. As mordidas podem causar irritação, insônia, ansiedade e depressão. O inseto desapareceu quase completamente da vida cotidiana nos anos 1950 pelo uso de inseticidas, mas ressurgiu nas últimas décadas diante das mudanças no modo de vida.

Procura por exterminadores

Empresas de dedetização afirmam que as contratações de seus serviços dispararam, sobretudo no setor de turismo, que está preocupado com a má reputação. "As pessoas nos ligam assim que são picadas por um inseto, mas pode ser qualquer coisa, desde um mosquito até uma aranha", afirmou Sam, gerente do setor na empresa Expert Hygiène, em entrevista à AFP.

A preocupação com os insetos acontecem com a cidade se preparando para receber os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, que acontecem a partir de julho de 2024. "Percevejos, mosquitos e ratos podem estragar a festa", alertou o jornal Le Parisien, recordando que outras sedes olímpicas como Londres e Sydney enfrentaram problemas semelhantes.

No final de setembro, a prefeitura de Paris pediu ao governo que estabeleça um "plano de ação", garantindo que os Jogos Olímpicos serão uma "oportunidade" contra os percevejos.

Com Agência AFP.