Índios criticam atitude do governo sobre Belo Monte na OEA
Movimentos que se opõem à construção da hidrelétrica acusam governo de violar direitos humanos
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 12h33.
Washington - As entidades civis e os movimentos indígenas que se opõem à construção da hidrelétrica de Belo Monte acusaram o governo brasileiro de violar os direitos humanos, em reunião promovida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA).
'É uma vergonha a maneira como nosso próprio governo nos tratou, com contínuas mentiras e negando-se ao diálogo com as comunidades afetadas', exclamou Sheila Juruna, líder indígena na região do rio Xingu, no Pará, onde a usina está sendo construída e pretende alagar 516 quilômetros quadrados de floresta e deslocar 50 mil moradores.
Representantes dos indígenas foram a Washington para o encontro promovido pela CIDH, rejeitado pelo governo brasileiro, que se recusou a enviar uma delegação.
Em carta enviada na sexta-feira passada à OEA, a Missão Permanente do Brasil junto à organização diz que 'tem a honra de informar que o Estado brasileiro não se fará representar na reunião de trabalho' sobre Belo Monte.
'Estou horrorizada por ver como somos tratados em nossa própria terra sem ter sequer o direito de sermos consultados sobre este horroroso projeto', acrescentou Sheila em entrevista coletiva na sede da OEA.
O governo da presidente Dilma Rousseff defende o projeto por entender que será fundamental para a segurança energética do país e o desenvolvimento da região amazônica.
A advogada Andressa Caldas, diretora da ONG Justiça Global, afirmou que, com esta decisão de 'não dialogar', o governo 'atira contra o próprio no pé', referindo-se à campanha brasileira por um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
'Como vai conseguir um assento no Conselho de Segurança se desautoriza uma instituição de direitos humanos como a CIDH?', questiona a advogada.
Jacob Kopas, da Associação Interamericana de Defesa do Meio Ambiente (Aida), também contesta a postura do governo. 'A atitude de Brasília é um golpe na imagem que promove o Brasil como líder regional e anfitrião de importantes eventos ambientais como a cúpula Rio+20 do ano que vem'.
Os representantes indígenas e das ONGs se reunirão nesta quinta-feira com a CIDH para denunciar a atitude do governo brasileiro e reiterar sua oposição ao projeto.
A construção de Belo Monte motivou atritos entre OEA e Brasil depois que a CIDH emitiu uma sentença em que exigia a suspensão imediata das obras da usina, cuja construção começou em março passado.
Em resposta a essa decisão, o Brasil retirou em abril a candidatura de Paulo Vannuchi para integrar a CIDH e argumentou que os poderes Executivo e Legislativo do país são os únicos responsáveis de fiscalizar as obras de Belo Monte. EFE
Washington - As entidades civis e os movimentos indígenas que se opõem à construção da hidrelétrica de Belo Monte acusaram o governo brasileiro de violar os direitos humanos, em reunião promovida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA).
'É uma vergonha a maneira como nosso próprio governo nos tratou, com contínuas mentiras e negando-se ao diálogo com as comunidades afetadas', exclamou Sheila Juruna, líder indígena na região do rio Xingu, no Pará, onde a usina está sendo construída e pretende alagar 516 quilômetros quadrados de floresta e deslocar 50 mil moradores.
Representantes dos indígenas foram a Washington para o encontro promovido pela CIDH, rejeitado pelo governo brasileiro, que se recusou a enviar uma delegação.
Em carta enviada na sexta-feira passada à OEA, a Missão Permanente do Brasil junto à organização diz que 'tem a honra de informar que o Estado brasileiro não se fará representar na reunião de trabalho' sobre Belo Monte.
'Estou horrorizada por ver como somos tratados em nossa própria terra sem ter sequer o direito de sermos consultados sobre este horroroso projeto', acrescentou Sheila em entrevista coletiva na sede da OEA.
O governo da presidente Dilma Rousseff defende o projeto por entender que será fundamental para a segurança energética do país e o desenvolvimento da região amazônica.
A advogada Andressa Caldas, diretora da ONG Justiça Global, afirmou que, com esta decisão de 'não dialogar', o governo 'atira contra o próprio no pé', referindo-se à campanha brasileira por um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
'Como vai conseguir um assento no Conselho de Segurança se desautoriza uma instituição de direitos humanos como a CIDH?', questiona a advogada.
Jacob Kopas, da Associação Interamericana de Defesa do Meio Ambiente (Aida), também contesta a postura do governo. 'A atitude de Brasília é um golpe na imagem que promove o Brasil como líder regional e anfitrião de importantes eventos ambientais como a cúpula Rio+20 do ano que vem'.
Os representantes indígenas e das ONGs se reunirão nesta quinta-feira com a CIDH para denunciar a atitude do governo brasileiro e reiterar sua oposição ao projeto.
A construção de Belo Monte motivou atritos entre OEA e Brasil depois que a CIDH emitiu uma sentença em que exigia a suspensão imediata das obras da usina, cuja construção começou em março passado.
Em resposta a essa decisão, o Brasil retirou em abril a candidatura de Paulo Vannuchi para integrar a CIDH e argumentou que os poderes Executivo e Legislativo do país são os únicos responsáveis de fiscalizar as obras de Belo Monte. EFE