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Indicado de Trump ao Supremo e suposta vítima devem depor no Senado

Os democratas do Comitê Judiciário do Senado pediram que a votação desta semana seja adiada para que o FBI possa investigar a alegação

Kavanaugh: o Senado americano deve votar essa semana a indicação do juiz à Suprema Corte (Chris Wattie/Reuters)

Kavanaugh: o Senado americano deve votar essa semana a indicação do juiz à Suprema Corte (Chris Wattie/Reuters)

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Reuters

Publicado em 17 de setembro de 2018 às 14h22.

Última atualização em 17 de setembro de 2018 às 15h19.

Washington - Brett Kavanaugh, indicado à Suprema Corte pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou nesta segunda-feira as alegações de que teria abusado sexualmente de uma mulher há 36 anos de "completamente falsas", enquanto a advogada da acusadora disse que a mulher está disposta a depor diante de uma comissão do Senado que deve votar a indicação do juiz nesta semana.

Em um dia de acontecimentos rápidos, todos os 10 integrantes democratas do Comitê Judiciário do Senado, que está supervisionando o processo de confirmação de Kavanaugh, enviaram uma carta pedindo que a votação marcada para quinta-feira seja adiada para que o FBI possa investigar a alegação.

Christine Blasey Ford acusou Kavanaugh de atacá-la e despi-la no início dos anos 1980, quando ambos cursavam o ensino médio.

"Essa é uma alegação completamente falsa. Nunca fiz nada como o que a acusadora descreve -- a ela ou a qualquer um", disse Kavanaugh em comunicado emitido pela Casa Branca. "Como isso nunca aconteceu, eu não tinha a menor ideia de quem estava fazendo essa acusação até ela se identificar ontem", disse Kavanaugh.

"Estou disposto a conversar com o Comitê Judiciário do Senado de qualquer forma que o comitê considerar apropriada para refutar essa alegação falsa, de 36 anos atrás, e defender minha integridade", acrescentou.

Kavanaugh, cujo comunicado foi o segundo negando a alegação, mas o primeiro desde que Christine se identificou publicamente, esteve na Casa Branca na manhã desta segunda-feira, afirmou uma autoridade da Casa Branca.

A acusação ameaça complicar sua indicação, que precisa ser aprovada primeiro pelo Comitê Judiciário do Senado e depois por toda a Casa, que tem uma pequena maioria de correligionários de Trump. Uma votação do comitê está agendada para quinta-feira, poucas semanas antes das eleições parlamentares de novembro.

Alguns republicanos do comitê disseram que a acusadora deveria ter a oportunidade de contar sua história, visão ecoada por Kellyanne Conway, uma das principais assessoras da Casa Branca.

Em entrevistas veiculadas por redes de televisão na manhã desta segunda-feira, Debra Katz, advogada de Christine sediada em Washington, disse que sua cliente gostaria de falar publicamente.

Indagada se isso incluiria um depoimento sob juramento em uma audiência pública com senadores, Debra respondeu no programa "This Morning", da CBS: "Ela está disposta a fazê-lo, ela precisa fazê-lo".

Mas seus comentários deram a entender que qualquer audiência pública poderia ser explosiva. Christine, hoje uma professora na Califórnia, acredita que as supostas ações de Kavanaugh foram uma "tentativa de estupro", e "que se não fosse pela embriaguez extrema de Brett Kavanaugh, ela teria sido estuprada", disse sua advogada no programa "Today", da NBC.

Debra disse à CBS que Christine havia bebido uma cerveja, mas que não estava bêbada.

Chuck Grassley, presidente do Comitê Judiciário do Senado, planeja conversar com Kavanaugh e sua suposta vítima antes da votação agendada, de acordo com o porta-voz do comitê.

A senadora Lisa Murkowski, uma de duas republicanas do comitê, disse à CNN na noite de domingo que o organismo "pode ter que cogitar" debater um possível adiamento.

Jeff Flake, seu colega de partido no comitê, exortou este a adiar a votação até ouvir Christine, e outro republicano do comitê, Lindsey Graham, acolheu a proposta de um depoimento da acusadora, mas disse que isso deveria "ser feito imediatamente para que o processo continue como programado".

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