Homenagem para as vítimas de incêndio: ainda restam 20 internas sobreviventes, a maioria em estado crítico, afirmaram fontes hospitalares (Saul Martinez/Reuters)
AFP
Publicado em 9 de março de 2017 às 22h35.
Entre o horror e a indignação, os guatemaltecos pedem "justiça" e que se investigue a morte de 34 adolescentes, todas mulheres, em um incêndio em um abrigo de jovens após denúncias de abusos sexuais.
"Como não perceberam para poder salvá-las a tempo se você consegue ver a fumaça imediatamente?" - disse à AFP, no necrotério da Cidade da Guatemala, o tio de uma menina de 15 anos de Jutiapa, cujo corpo foi identificado por teste de DNA.
A informação sobre o que ocorria neste abrigo para adolescentes, que depende do financiamento do governo, chega lentamente e é aterradora.
Segundo o último balanço, 34 jovens, entre 14 e 17 anos, morreram no incêndio registrado na manhã de quarta-feira no Lar Seguro Virgem de Assunção, em San José Pínula, a 10 km da capital guatemalteca.
Lucas Nájera, de 76 anos, um vendedor de jornais e avô de uma menina de 14 anos ferida, ironizou: "se chama Lar Seguro, mas onde está a segurança? Segura é só a morte que as levou".
No incêndio morreram 19 jovens e as demais, em dois hospitais públicos.
Acredita-se que tenha sido provocado pelas próprias internas para denunciar abusos sexuais e outras formas de violência, segundo uma das hipóteses cogitadas pela Procuradoria de Direitos Humanos.
Ainda restam 20 internas sobreviventes, a maioria em estado crítico, afirmaram fontes hospitalares. Seis meninas tiveram alta médica e está sob o resguardo das autoridades.
O presidente Jimmy Morales, que está com a popularidade cada vez mais baixa, decretou três dias de luto nacional e ordenou a destituição do diretor da instituição.
Ele considerou "verdadeiramente triste e lamentável que dezenas de meninas e meninos possam morrer em uma situação como a que ocorreu".
"Isto pode voltar a acontecer (...) em todos os lugares onde nós, como Estado, não estivermos dando a devida atenção", afirmou durante uma viagem a trabalho na cidade de Quetzaltenango.
Trata-se de "um massacre", assegurou Hilda Morales, procuradora de Direitos Humanos da Infância, que pediu uma investigação administrativa e penal contra os responsáveis do abrigo.
O local abriga, por ordem judicial, menores de 18 anos vítimas de violência doméstica, de algum delito ou que foram resgatadas das ruas, entre outros motivos.
O centro tem capacidade para 400 menores, mas abriga 800.