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Imperador do Japão abdica oficialmente ao trono

Akihito permanecerá como imperador até meia-noite, hora em que o país entrará no ano 1 da nova era imperial "Reiwa"

Akihito: imperador abdicou do trono após três décadas da era Heisei (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 30 de abril de 2019 às 07h31.

O imperador japonês Akihito concluiu nesta terça-feira (30), as cerimônias de abdicação e cedeu o trono de Crisântemo a seu filho mais velho, Naruhito, na primeira renúncia voluntária na família imperial do país em mais de dois séculos.

Akihito, 85 anos, permanecerá como imperador até meia-noite, hora em que o país entrará no ano 1 da nova era imperial "Reiwa" ("bela harmonia"), após três décadas da era Heisei ("alcançar a paz").

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A principal cerimônia, com apenas 10 minutos de duração, aconteceu às 17H00 locais (5H00 de Brasília) no Salão do Pinheiro (Matsu-no-Ma), considerado o mais elegante do Palácio Imperial.

Akihito fez um breve discurso: "Expresso do fundo do meu coração minha gratidão ao povo do Japão, que me aceitou como símbolo do Estado e me apoiou", disse, em referência a seu papel de acordo com a Constituição, em vigor desde 1947 e na qual o imperador deixou de ter o status de semideus.

Durante a manhã, o imperador realizou o ritual de "informar" sobre sua abdicação aos ancestrais em vários santuários do Palácio Imperial.

Festejos históricos

O dia chuvoso não reuniu uma grande multidão diante do palácio, um local muito protegido no centro de Tóquio, mas os japoneses e turistas estrangeiros estavam divididos entre a emoção do momento e o entusiasmo com a nova era.

"Nasci na era Heisei e estou um pouco triste, mas também estou nervoso com a nova era que começa", disse Rikia Iwasaki, estudante de 13 anos.

"Queria agradecer ao imperador por seu trabalho duro", afirmou Hironari Uemara, de 76 anos, que viajou de Okayama (oeste do país) a Tóquio. Sua esposa contou à AFP que vai sentir saudade do imperador Akihito e da imperatriz Michiko. "Tenho vontade de chorar", declarou.

A população japonesa organiza festejos históricos e praticamente inéditos, porque desta vez a nação não está de luto com a morte de um soberano. Isto aconteceu em 1989, com a morte de Hirohito, também chamado de imperador Showa, em 1926 (falecimento do imperador Taisho) e em 1912 (morte do imperador Meiji).

O presidente americano, Donald Trump, enviou uma mensagem em que manifesta "sincera apreciação" pelo casal imperial. Também destacou a "relação próxima" entre Estados Unidos e Japão.

Diversos eventos estão programados para os próximos meses para marcar a transferência do trono, com a presença de chefes de Estado e personalidades.

Esta é a primeira vez em dois séculos que um imperador japonês cede o posto em vida, após uma lei elaborada sob medida para Akihito.

Em meados de 2016 o imperador anunciou que pretendia deixar o trono porque não conseguia mais exercer a função "de corpo e alma", uma consequência de sua idade e de seu estado de saúde.

O governo decidiu a data da abdicação e tudo que cerca o protocolo, um processo no qual a família imperial não teve direito a voz ou voto.

Últimas peregrinações

Akihito e sua esposa Machiko realizaram nas semanas pr precedentes suas últimas peregrinações em um país que percorreram durante três décadas, sobretudo para levar conforto aos desabrigados após catástrofes naturais que aconteceram durante seu reinado.

Os imperadores gozam de grande respeito no país por sua proximidade com os cidadãos.

A imperatriz Michiko desperta "grande entusiasmo" e ele soube ganhar o afeto "por exemplo apertando mãos", explica Hideya Kawanishi, professor da Universidade de Nagoya.

Eles passam a ser imperador e imperatriz eméritos e cedem o palácio imperial a Naruhito e a sua esposa Masako, de 59 e 55 anos respectivamente.

No muito aguardado primeiro discurso de Naruhito na quarta-feira, após sua coroação, ele deve falar sobre o caráter que pretende dar a seu reinado.

Naruhito promete seguir os passos de seu pai. Ele deixou claro que continuará trabalhando para que as futuras gerações tenham conhecimento dos abusos cometidos pelo Japão durante a guerra e que pretende apoiar as vítimas de catástrofes naturais.

Analistas consideram que isto não será suficiente para que deixe sua marca, mas sua preocupação com o problema da água no planeta pode dar um caráter mais internacional a seu papel.

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