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Imigrantes ilegais tornam-se bode expiatório nos EUA

Programas eleitorais na TV utilizam imagens da população hispânica norte-americana para atrair eleitores contrários à imigração

Manifestantes contra e a favor da imigração protestam no estado do Arizona (John Moore/GETTY IMAGES)
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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2010 às 20h57.

Washington - Os imigrantes ilegais tornaram-se bode expiatório na campanha eleitoral televisionada de alguns candidatos mais conservadores nos Estados Unidos, um fato que vem despertando preocupação em líderes da comunidade hispânica.

Os rostos de três jovens carrancudos, de aspecto hispânico, e outros jovens tentando cruzar uma cerca durante a noite foram utilizados em um comercial de televisão da candidata republicana de Nevada (oeste), Sharron Angle, apoiada pelo autodenominado Tea Party, um movimento conservador de direita.

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Angle, em uma disputa ferrenha com o democrata e líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, tentou desculpar-se posteriormente, ao visitar uma escola de ensino médio.

"Acredito que vocês interpretaram mal o anúncio" que criticava Reid por supostamente propor ajuda para estudantes ilegais, disse Angle aos jovens.

"Não acredito que todos vocês sejam hispânicos. Alguns me parecem um pouco mais... asiáticos", acrescentou perante os estudantes, que filmaram o discurso da candidata e o colocaram no Youtube.

O estilo do anúncio de Angle foi imitado por outros candidatos republicanos, como o candidato a senador pela Louisiana, David Vitter, que mostrou que os ilegais que cruzam a fronteira por um buraco são recebidos com uma banda de música, supostamente a cargo de seu rival, o democrata Charlie Melancon.

Passam longe os anúncios em espanhol feitos pelo ex-presidente republicano George Bush, utilizados em campanhas eleitorais ou inclusive durante seu mandato.

"A intolerância e a discriminação não são novas para os latinos, mas o sentimento anti-hispânico do país cresceu nos últimos meses", advertiu a presidente da Liga de Cidadãos Latino-Americanos Unidos (LULAC), Margaret Moran, em um comunicado.

"Não vejo anúncios que tentem incluir as pessoas. E, francamente, os democratas permaneceram em silêncio com relação a este tema", também reagiu a líder da organização La Raza, Janet Murguía, em um debate com analistas republicanos e democratas na quinta-feira.


O candidato democrata em Nevada, Reid, foi um dos que contestou durante a campanha, dizendo aos seus partidários: "para mim, todos vocês parecem nevadenses".

Mas outros candidatos democratas em estados onde explodiram polêmicas deste tipo não contestaram as críticas republicanas sobre o tema imigração ilegal.

Outros anúncios, pagos por uma organização denominada Latinos pela Reforma, convidaram a comunidade a não votar no dia 2 de novembro, em protesto supostamente pela falta de uma reforma migratória integral.

O Comitê Nacional Republicano não respondeu aos pedidos da AFP para comentar esta campanha, que redes de televisão como a Univisión negaram-se a transmitir.

Mas estrategistas republicanos tentam mostrar outra cara do partido.

O Partido Republicano tem, diferentemente dos democratas, três candidatos hispânicos na disputa para representar seus estados, dois para governador, no Novo México e Nevada, e outro para senador, na Flórida, destacou Ana Navarro, estrategista que trabalhou na campanha do candidato à presidência John McCain.

"Espero que o Partido Republicano se aproxime deles para aprender o que significa ser hispânico", pediu, após reconhecer que o ambiente anti-imigrante cresceu.

A comunidade hispânica é a minoria com mais crescimento demográfico atualmente nos Estados Unidos. Um em cada quatro estudantes com menos de 18 anos é hispânico.

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