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Imigrantes estão perdidos em "buraco negro" de reunificação, diz advogada

Advogada disse que duas crianças saíram de Nova York para Texas para serem reunidas com mãe, mas, quando chegaram, descobriram que ela havia sido deportada

Imigrantes: política do governo Trump levou à separação de cerca de 2.500 crianças enquanto seus pais passavam por processo legal (Loren Elliott/Reuters)

Imigrantes: política do governo Trump levou à separação de cerca de 2.500 crianças enquanto seus pais passavam por processo legal (Loren Elliott/Reuters)

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Reuters

Publicado em 26 de julho de 2018 às 18h58.

Última atualização em 26 de julho de 2018 às 20h44.

Mais de 1.400 crianças de mais de 2.500 separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos com México foram reunidas com suas famílias, disseram representantes do governo norte-americano em um tribunal nesta quinta-feira. As crianças foram separadas como consequência da política de tolerância zero do governo de Donald Trump sobre imigração ilegal.

Advogados do governo afirmaram que 711 outras crianças não eram elegíveis para reunificação com seus pais até o prazo desta quinta-feira estabelecido por um juiz federal em San Diego. Em mais de 400 desses casos o motivo é que os pais não estavam mais nos Estados Unidos.

A União Americana pelas Liberdades Civis, que entrou com processo contra o governo, disse que os dados mostram que "dezenas de crianças separadas ainda não foram reunidas a um dos pais".

Defensores dos direitos de imigrantes disseram que a tentativa do governo dos EUA de cumprir o prazo estabelecido pela Justiça foi marcada por confusão, e uma advogada disse que crianças haviam desaparecido em um "buraco negro".

Maria Odom, vice-presidente de serviços legais para Crianças em Necessidade de Defesa, declarou que duas crianças que eram representadas pelo grupo foram enviadas de Nova York para o Texas para serem reunidas com a mãe. Quando elas chegaram, elas descobriram que a mãe já havia sido deportada, disse Odom a repórteres durante teleconferência. Odom afirmou que seu grupo não conseguiu encontrar as crianças, de 9 e 14 anos.

Isto é um exemplo, ela disse, "de como é impossível monitorar estas crianças assim que elas são colocadas no buraco negro da reunificação".

O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A política de "tolerância zero" de Trump para imigração ilegal levou à separação de cerca de 2.500 crianças enquanto seus pais, alguns deles solicitantes a asilo, passavam por um processo legal.

Protestos no país e no exterior forçaram Trump a ordenar um fim às separações em junho. O juiz norte-americano Dana Sabraw, de San Diego, ordenou que o governo reunisse as famílias e estabeleceu esta quinta-feira como prazo.

Sabraw criticou alguns aspectos do processo, mas, nos dias recentes, elogiou esforços do governo para cumprir o prazo.

Advogados do governo disseram a um juiz federal nesta semana que 917 pais podem não ser elegíveis para rápida reunificação porque já foram deportados, abandonaram reunificação, possuem antecedentes criminais ou são considerados inaptos.

Os que são reunidos enfrentam decisões consequentes. Cerca de 900 receberam ordens finais de remoção, e grupos de direitos civis informaram que eles precisam decidir se querem voltar para casa como uma família ou deixar seus filhos nos EUA para buscarem asilo separadamente.

Nos EUA, ativistas pró-imigração protestaram contra a política, parte da postura linha-dura do republicano Trump sobre imigração legal e ilegal, que defendeu em sua campanha eleitoral de 2016.

Cerca de 100 pessoas protestaram do lado de fora do tribunal federal em McAllen, Texas, perto da fronteira com o México, enquanto em Washington manifestantes incluíam cerca de 20 crianças com cartazes.

"Nós continuamos lutando com a promessa do governo de que hoje é o dia oficial para as crianças serem reunidas com seus pais, mas isto ainda não se tornou verdade", disse Julian Rodríguez, auxiliar administrativo da organização comunitária Lupe, no protesto em McAllen.

A União Americana pelas Liberdades Civis apresentou o processo que levou à decisão de Sabraw sobre reunificação, e o grupo pediu para o juiz adiar a deportação de famílias reunidas por sete dias. A ACLU diz que advogados precisam de mais tempo para garantir que os pais entendam seus direitos e considerem suas opções.

A ACLU apresentou na quarta-feira declarações em tribunal detalhando os relatos de pais que informou terem sido colocados sob pressão para abandonarem reunificação ou assinarem documentos de deportação que não entendiam.

Pais que foram coagidos a deixar os EUA podem ter direito de solicitar que o governo dos EUA os leve de volta, disse Michelle Brané, diretora de direitos e justiça de imigrantes na Comissão de Refugiadas, em teleconferência com repórteres.

 

 

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