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Igrejas evangélicas competem com a católica em Angola

As evangélicas oferecem consolo e prometem prosperidade aos desfavorecidos em um país em desenvolvimento


	Angolano chora: o movimento, procedente do Brasil, reivindica 400.000 fiéis em Angola 
 (Koen van Weel/AFP)

Angolano chora: o movimento, procedente do Brasil, reivindica 400.000 fiéis em Angola  (Koen van Weel/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2013 às 10h29.

Luanda - As igrejas evangélicas são cada vez mais influentes em Angola, onde oferecem consolo e prometem prosperidade aos desfavorecidos em um país em desenvolvimento, mas onde a riqueza do petróleo beneficia apenas uma minoria.

Um culto de Ano Novo em um estádio de Luanda terminou em tragédia, quando uma correria deixou 16 mortos entre os fiéis. O governo angolano suspendeu as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

"Nossos detratores são pessoas contrárias à religião em geral, que têm preconceitos sobre a igreja. Nós pedimos que respeitem a liberdade de culto inscrita na Constituição angolana", afirmou João Antônio Bartolomeu, um dos dirigentes da IURD.

O movimento, procedente do Brasil, reivindica 400.000 fiéis em Angola e reuniu quase 150.000 em um estádio de Luanda com capacidade para 80.000 durante um culto no dia 31 de dezembro. O grande número de pessoas provocou uma avalanche humana e deixou o país em estado de choque.

O governo, que apontou graves negligências na organização do evento, suspendeu a Igreja Universal por 60 dias, ao lado de outras seis igrejas pentecostais.

Apesar da maioria dos 20 milhões de angolanos se declararem católicos - uma herança da colonização -, as igrejas evangélicas atraem centenas de milhares de fiéis e constroem catedrais gigantescas. A mesma evolução já foi registrada na América Latina.

"As igrejas recentes, como as pentecostais, são as que têm mais êxito porque associam o desenvolvimento espiritual e a prosperidade pessoal", explica José Evaristo Abias, pastor e professor do Instituto Teológico Superior de Lubango, região sul de Angola.


Em sua pregação, os pastores afirmam aos fiéis que a riqueza é um dom de Deus, que acontece quando os crentes trabalham em seu desenvolvimento pessoal, espiritual e social.

Este discurso entusiasma uma população angolana pouco educada - a maioria vive com menos de dois dólares por dia -, apesar da forte taxa de crescimento dos últimos 10 anos.

Outro movimento evangélico, a Igreja Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, alega ter 800.000 fiéis em Angola, seu país de origem. Em agosto do ano passado inaugurou uma gigantesca catedral, símbolo de seu sucesso, que pode receber 20.000 pessoas em um bairro popular de Luanda.

"Nós oferecemos vários cultos por semana, cursos, e realizamos ações sociais nos bairros destinados aos jovens, crianças e mulheres", afirma o pastor Antonio Domigos Cabral, um dos líderes da igreja.

Algumas igrejas têm entre seus membros personalidades políticas de destaque.

Estes movimentos evangélicos surgidos do protestantismo ganham espaço ante uma Igreja católica envelhecida, que parece afastada das preocupações da população e que tem dificuldades para conservar a antiga influência sobre o poder político.

"Estas igrejas atraem porque prometem muito. Mas também criam muitos decepcionados e, quando as promessas não se cumprem, as pessoas voltam a nossas igrejas", comenta o padre católico Queiros Figueira, da diocese de Viana, um bairro ao sudeste de Luanda.

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