Iêmen sofre "maior crise humanitária do mundo", diz ONU
A Organização destacou que o país sofre com o pior surto de cólera no mundo, além de estar "à beira do abismo da fome"
EFE
Publicado em 26 de julho de 2017 às 11h59.
Sana - O Iêmen sofre "o pior surto de cólera no mundo em meio à maior crise humanitária do mundo", asseguraram nesta quarta-feira três agências das Nações Unidas em um comunicado conjunto.
Apenas nos últimos três meses ocorreram "quase 1.900 mortes associadas ao cólera e 400.000 casos suspeitos", segundo puderam registrar a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Os serviços sanitários, de água e saneamento "foram paralisados por mais de dois anos de hostilidades e criaram as condições ideais para que as doenças se propaguem", destaca a nota.
Além disso, o Iêmen "está na beira do abismo da fome", segundo a ONU, já que "quase 60% da população não sabe de onde virá sua próxima refeição" e, entre eles, "quase dois milhões de crianças iemenitas sofrem de desnutrição severa".
Em uma visita à cidade costeira de Aden, no sul, e à capital Sana, dirigentes das três agências da ONU viram como as principais infraestruturas sanitárias foram "danificadas ou destruídas".
No entanto, segundo eles, "há esperança", uma vez que "mais de 99% das pessoas que estão doentes suspeitas de terem sido contagiadas por cólera e que têm acesso aos serviços sanitários estão sobrevivendo".
O cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada com a bactéria "vibrio cholerae", que nos casos mais graves pode provocar a morte em poucas horas se o doente não receber tratamento.
O país vive em guerra desde 2014, quando os rebeldes houtis ocuparam Sana e outras províncias, que se agravou em 2015, com a intervenção da coalizão militar integrada por países sunitas liderados pela Arábia Saudita a favor das forças leais ao presidente Abdo Rabu Mansur Hadi.
Neste conflito, a ONU convocou as partes a pagarem "de maneira urgente" os trabalhadores sanitários, que não recebem seu salário há dez meses.
"Sem eles, tememos que as pessoas que teriam sobrevivido possam morrer", acrescentaram as agências.
Por último, os dirigentes das agências se reuniram com os líderes iemenitas em Aden e Sana, cada uma controlada por uma parte do conflito, para que permitam o "acesso dos trabalhadores humanitários às zonas afetadas pelos combates".
Além disso, pediram à comunidade internacional que "redobrem seu apoio" ao povo iemenita, pois "a catástrofe que vimos perante nossos olhos não só continuará acabando com as vidas, como também deixará cicatrizadas as futuras gerações e o país nos próximos anos".