Mundo

Hungria reduz ameaça da lama tóxica, mas número de mortos sobe

Já são 7 mortos por causa do acidente que provocou o vazamento tóxico, e um continua desaparecido

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, e a autoridade búlgara, Boyko Borisov (Dimitar Dilkoff/AFP)

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, e a autoridade búlgara, Boyko Borisov (Dimitar Dilkoff/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Budapeste - Autoridades húngaras reduziram, esta sexta-feira, o nível de ameaça da desastrosa poluição do rio Danúbio provocada por um acidente industrial na Hungria, enquanto o premier disse que a situação está sob controle.

O número de mortos da catástrofe, ocorrida na segunda-feira, subiu para sete, disseram as autoridades, e uma pessoa ainda está desaparecida.

O primeiro-ministro Viktor Orban, que declarou estado de emergência em três condados no início da semana, insistiu em que há pouco risco de que a contaminação atinja o rio Danúbio, o segundo maior da Europa.

"A boa notícia é que conseguimos colocar sob controle e muito provavelmente as águas danosas ao meio ambiente não chegarão ao rio Danúbio, mesmo em território húngaro", disse Orban, durante visita à vizinha Bulgária.

O secretário de Estado de Meio Ambiente Zoltan Illes também insistiu em que a poluição "não chegará ao baixo Danúbio".

Ele elogiou as equipes de emergência - que têm lançado, de aviões, gesso e ácido no Danúbio e seus afluentes para neutralizar os efeitos alcaninos da lama tóxica - para "evitar os metais pesados e alcalinos de viajar rio abaixo".


A lama tóxica, resíduo de uma fábrica de processamento de alumínio no oeste da Hungria, vazou de um reservatório na segunda-feira, afetou cidades e acabou com a vida no pequeno rio Marcal.

Peixes mortos também foram vistos boiando no Danúbio na quinta-feira, mas autoridades ambientais disseram esta sexta que as amostras de qualidade da água eram próximas do normal no rio.

Na tarde de sexta-feira, os níveis de alcalinidade demonstraram uma leitura de pH 8,3 em Komarom, cerca de 80 km a oeste de Budapeste, um índice menor do que o detectado no início do dia, segundo Jyorjyi Tottos, porta-voz dos serviços de emergência.

O nível, segundo ela, foi levemente superior ao normal e não é danoso ao meio ambiente.

A alcalinidade é um critério de medição da contaminação do rio. Numa escala de 1-14, os valores de pH de 1-6 são considerados ácidos; de 6 a 8, neutros; e de 8-14, alcalinos.

As autoridades disseram esperar que a limpeza em duas das cidades mais atingidas - Kolontar e Devecser - termine na próxima semana. Mas, grupos ambientalistas alertaram para as consequências de longo prazo do desastre.

Em Viena, o grupo Greenpeace disse ter encontrado "níveis supreendentemente altos" de arsênico e mercúrio na lama vermelha cáustica e malcheirosa que vazou do reservatório em Ajka, 160 km a oeste de Budadpeste.

"Nós encontramos níveis de arsênico, mercúrio e cromo, e o nível de arsênico, especialmente, foi o dobro do que esperávamos, o dobro inclusive ao contido nesta lama vermelha", disse o químico e ativista da organização, Herwig Schuster.

Ele alertou que níveis excessivos de mercúrio podem ser absorvidos pelos peixes e, assim, entrar na cadeia alimentar.


Se o arsênico, em particular, entrar em contato com o lençol freático ou a água potável, "isto poderá causar um sério problema para a região. O arsênico é muito tóxico e causa danos ao sistema nervoso", explicou.

A poluição já varreu toda a vida no rio Marcal e especialistas alertam que será preciso até cinco anos para este corpo hídrico se recuperar.

O grupo de defesa do meio ambiente Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alertou para uma "série de outros desastres esperando para acontecer", todos ao longo da bacia do Danúbio.

A Hungria sozinha tem outros dois reservatórios armazenando lama vermelha de toxicidade e alcalinidade similares às da que provocou a catástrofe. Um deles, segundo o WWF, contém os resíduos de uma usina de processamento de bauxita em Almasfuzito, a 80 km de Budapeste.

Sérvia, Croácia e Romênia anunciaram que estão monitorando o rio devido ao risco de contaminação da água potável.

Enquanto isso, na Eslováquia, do outro lado do Danúbio e próximo do local do vazamento, na Hungria, as autoridades disseram que não se preocupam atualmente com uma eventual contaminação em sua margem do rio.

"Por enquanto, não estamos preocupados. O governo húngaro tem tomado medidas e mesmo se alguma poluição chegar ao nosso território, será diluída pela água", disse à AFP Michal Stefanek, porta-voz da agência de inspeção ambiental da Eslováquia.

Leia mais notícias sobre o meio ambiente

Siga as notícias do site EXAME sobre Meio Ambiente e Energia no Twitter


Acompanhe tudo sobre:EuropaMeio ambientePoluição

Mais de Mundo

Azerbaijan Airlines diz que avião caiu devido a 'interferências externas, físicas e técnicas'

EUA veem indícios de que míssil atingiu avião fabricado pela Embraer, dizem emissoras

Companhia do Azerbaijão cancela voos para sete cidades russas após queda de avião da Embraer

Presidente do Panamá rechaça reduzir pedágio de canal após exigência de Trump