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Hungria assume presidência da UE em plena crise do euro

Apesar do desafio de conter os problemas do bloco, país comandado pelo primeiro-ministro conservador Viktor Orban nem faz parte da zona do euro

Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria: "nós somos muito bons na gestão de crise" (Getty Images)

Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria: "nós somos muito bons na gestão de crise" (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2010 às 14h00.

Budapeste - A Hungria do polêmico primeiro-ministro conservador Viktor Orban assume em 1º de janeiro, por seis meses, a presidência da União Europeia (UE) com a crise da zona euro, da qual não faz parte, como principal desafio.

A presidência húngara, que utilizará como slogan "Uma Europa forte", também será marcada pelo início das delicadas negociações sobre o orçamento plurianual da UE e a integração dos ciganos.

A transferência de comando da Bélgica para a Hungria acontece em um momento complicado.

A Hungria é objeto de duras críticas por sua reforma dos meios de comunicação, qualificada pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) de "ameaça para a liberdade de imprensa". Alemanha e Luxemburgo também expressaram publicamente sua preocupação.

Mas o grande desafio da presidência húngara continua sendo a crise da dívida na Eurozona.

Budapeste tenta convencer os sócios há várias semanas de que é capaz de enfrentar a situação, apesar de não integrar a zona euro.

"Nós, húngaros, somos muito bons na gestão de crise", afirmou Viktor Orban recentemente, durante uma visita a Budapeste do presidente permanente da UE, o belga Herman Van Rompuy.

A declaração deve ser encarada com cuidado, levando em consideração a quase falência do país em 2008, quando a Hungria foi salva por um empréstimo da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Desde então, o país reduziu o déficit público de mais de 9% para 3,8%.

A presidência húngara corre o risco de ser testada já a partir de janeiro, quando Espanha e Portugal, muito fragilizados, terão que buscar nos mercados um refinanciamento para suas dívidas.

Se a intervenção da UE for inevitável, como aconteceu com Grécia e Irlanda, a Hungria não ficará sozinha no comando. O Eurogrupo, o fórum de ministros das Finanças da zona euro, é a autoridade competente para tomar as decisões, destacou um diplomata húngaro em Bruxelas.

A presidência húngara também estará marcada pelo início das complexas negociações sobre o futuro orçamento plurianual da UE (2014-20).

A Grã-Bretanha acaba de selar uma aliança com a França e a Alemanha para pedir o congelamento do orçamento até 2020. Os países do leste da Europa temem que o rigor provoque cortes nas ajudas às regiões mais desfavorecidas, das quais são grandes beneficiários.

Outro tema polêmico é a ampliação do espaço de livre circulação Schengen. Romênia e Bulgária, apoiadas pela Hungria, esperam integrar esta zona a partir de março de 2011, mas França e Alemanha decidiram bloquear a entrada destes países, que consideram prematura.

Por fim, a integração em escala europeia dos ciganos, a minoria étnica mais importante da UE (entre 10 e 12 milhões de pessoas) e a mais discriminada, figura entre as prioridades húngaras.

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