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Hugo Chávez fez do petróleo uma arma contra os EUA

O líder venezuelano defendia uma "nova ordem social" que excluía a hegemonia norte-americana

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2013 às 20h07.

Em um mundo sempre ávido por petróleo, Hugo Chávez utilizou os imensos recursos energéticos da Venezuela para transformar seu país no grande impulsor da integração latino-americana, promovendo alianças que também serviram de plataforma para desafiar os Estados Unidos.

Defensor da Líbia, Síria ou Irã em momentos em que o Ocidente os sancionava ou invadia, Chávez sempre defendeu uma "nova ordem social", na qual já não cabia a hegemonia absoluta dos Estados Unidos, alvo constante de suas criticas devido à política externa "imperialista".

"Construir uma liderança mundial, especialmente na América Latina, com certeza foi um objetivo prioritário para Chávez desde que chegou ao poder em 1999", comenta analista política María Teresa Romero.

Ex-militar, influenciado em sua juventude pelas idéias de esquerda, Chávez muitas vezes disse ser o continuador da obra do Libertador Simón Bolívar, que queria unir em uma única pátria a América Latina, um ideal que também pretendido por Fidel Castro depois do triunfo de sua rebelião em Cuba.

Chávez, além disso, sempre viveu com a convicção de que os Estados Unidos ambicionavam as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores do mundo, e da necessidade de defendê-las tentando restringir a influencia americana na região.

"A desconfiança em relação aos Estados Unidos faz parte da identidade nacional venezuelana. E em Chávez se acentuou quando aprofundou a nacionalização da indústria petroleira, criando tensões com as grandes multinacionais", explicou a historiadora Margarita López Maya.

Também as guerras do início do século, como no Iraque ou na Líbia, promovidas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais, tinham o petróleo em seu cerne, causando receio em países ricos nesse tipo de combustível, como a Venezuela.

Por este motivo, as alianças que Chávez construiu foram principalmente com países petroleiros e com aqueles que também desafiavam Washington, apesar de nunca ter deixado de enviar para seu principal cliente (os Estados Unidos) cerca de um milhão de barris diários de petróleo.

Em uma das visitas do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, a Caracas, Chávez brincou com ele, falando do chamado "eixo do mal", ao criticar o medo com que os Estados Unidos sempre observou as relações entre estes dois países.

"Somos acusados de guerreiros ou guerrilheiros. Mas o Irã não invadiu ninguém. A revolução bolivariana não invadiu ninguém, nem bombardeou ninguém. Somos parte dos povos agredidos e pretendem nos mostrar como os agressores", desafiou Chávez junto a seu colega iraniano, em janeiro de 2011.

Chávez soube utilizar o petróleo como uma poderosa arma diplomática. O ouro negro foi o 'leitmotiv' das alianças que criou na região, como a Alba ou a Petrocaribe, um acordo energético que beneficiou com preços baixos e créditos facilitados vários países, que utilizou isso como um balão de oxigênio, a exemplo de Cuba.

A oposição Venezuela sempre criticou duramente esta política externa, afirmando que o presidente "presenteava" com estes recursos para conseguir apoio político.

"Sem petróleo, essa liderança de Chávez teria sido muito difícil. Outros que tentaram a mesma coisa, como Fidel Castro, fracassaram porque foi o petróleo que fez com que fosse possível ou se materializasse instituições como a Alba", comentou Romero.

A Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) - integrada por Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, San Vicente e as Granadinas, Nicarágua , Antigua e Barbuda e Dominica - se opôs, por exemplo, dentro da ONU às resoluções contra a Síria, e sempre manteve a mesma posição contra os Estados Unidos e a favor da "autodeterminação" dos povos.

Com Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa, no Equador, Daniel Ortega, na Nicarágua, Chávez tinha aliados para tentar uma América Latina bolivariana, um projeto neutralizado em parte pelo Brasil e por figuras de esquerda que sempre mantiveram uma certa distância, como Ollanta Humala, no Peru, ou Mauricio Funes, em El Salvador.

Chávez decretou a morte da Alca – um acordo de livre comércio das Américas -, se retirou da Corte Interamericana de Direitos Humanos e impulsionou novos organismos regionais como a Unasul, que engloba os países da América do Sul, ou a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe, com o objetivo de afastar a América Latina da sempre poderosa influência de seu vizinho do norte.

Os Estados Unidos conheceram que tiveram com a Venezuela de Chávez a relação mais complexa do continente. Está na memória coletiva o discurso de Chave ante a ONU em 2006 quando, depois do discurso de George W. Bush, disse que a tribuna "ainda cheirava a enxofre".

A relação melhorou um pouco com a chegada de Barack Obama ao poder, mas os dois países ainda não possuem embaixadores desde 2010.

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Em um mundo sempre ávido por petróleo, Hugo Chávez utilizou os imensos recursos energéticos da Venezuela para transformar seu país no grande impulsor da integração latino-americana, promovendo alianças que também serviram de plataforma para desafiar os Estados Unidos.

Defensor da Líbia, Síria ou Irã em momentos em que o Ocidente os sancionava ou invadia, Chávez sempre defendeu uma "nova ordem social", na qual já não cabia a hegemonia absoluta dos Estados Unidos, alvo constante de suas criticas devido à política externa "imperialista".

"Construir uma liderança mundial, especialmente na América Latina, com certeza foi um objetivo prioritário para Chávez desde que chegou ao poder em 1999", comenta analista política María Teresa Romero.

Ex-militar, influenciado em sua juventude pelas idéias de esquerda, Chávez muitas vezes disse ser o continuador da obra do Libertador Simón Bolívar, que queria unir em uma única pátria a América Latina, um ideal que também pretendido por Fidel Castro depois do triunfo de sua rebelião em Cuba.

Chávez, além disso, sempre viveu com a convicção de que os Estados Unidos ambicionavam as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores do mundo, e da necessidade de defendê-las tentando restringir a influencia americana na região.

"A desconfiança em relação aos Estados Unidos faz parte da identidade nacional venezuelana. E em Chávez se acentuou quando aprofundou a nacionalização da indústria petroleira, criando tensões com as grandes multinacionais", explicou a historiadora Margarita López Maya.

Também as guerras do início do século, como no Iraque ou na Líbia, promovidas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais, tinham o petróleo em seu cerne, causando receio em países ricos nesse tipo de combustível, como a Venezuela.

Por este motivo, as alianças que Chávez construiu foram principalmente com países petroleiros e com aqueles que também desafiavam Washington, apesar de nunca ter deixado de enviar para seu principal cliente (os Estados Unidos) cerca de um milhão de barris diários de petróleo.

Em uma das visitas do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, a Caracas, Chávez brincou com ele, falando do chamado "eixo do mal", ao criticar o medo com que os Estados Unidos sempre observou as relações entre estes dois países.

"Somos acusados de guerreiros ou guerrilheiros. Mas o Irã não invadiu ninguém. A revolução bolivariana não invadiu ninguém, nem bombardeou ninguém. Somos parte dos povos agredidos e pretendem nos mostrar como os agressores", desafiou Chávez junto a seu colega iraniano, em janeiro de 2011.

Chávez soube utilizar o petróleo como uma poderosa arma diplomática. O ouro negro foi o 'leitmotiv' das alianças que criou na região, como a Alba ou a Petrocaribe, um acordo energético que beneficiou com preços baixos e créditos facilitados vários países, que utilizou isso como um balão de oxigênio, a exemplo de Cuba.

A oposição Venezuela sempre criticou duramente esta política externa, afirmando que o presidente "presenteava" com estes recursos para conseguir apoio político.

"Sem petróleo, essa liderança de Chávez teria sido muito difícil. Outros que tentaram a mesma coisa, como Fidel Castro, fracassaram porque foi o petróleo que fez com que fosse possível ou se materializasse instituições como a Alba", comentou Romero.

A Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) - integrada por Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, San Vicente e as Granadinas, Nicarágua , Antigua e Barbuda e Dominica - se opôs, por exemplo, dentro da ONU às resoluções contra a Síria, e sempre manteve a mesma posição contra os Estados Unidos e a favor da "autodeterminação" dos povos.

Com Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa, no Equador, Daniel Ortega, na Nicarágua, Chávez tinha aliados para tentar uma América Latina bolivariana, um projeto neutralizado em parte pelo Brasil e por figuras de esquerda que sempre mantiveram uma certa distância, como Ollanta Humala, no Peru, ou Mauricio Funes, em El Salvador.

Chávez decretou a morte da Alca – um acordo de livre comércio das Américas -, se retirou da Corte Interamericana de Direitos Humanos e impulsionou novos organismos regionais como a Unasul, que engloba os países da América do Sul, ou a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe, com o objetivo de afastar a América Latina da sempre poderosa influência de seu vizinho do norte.

Os Estados Unidos conheceram que tiveram com a Venezuela de Chávez a relação mais complexa do continente. Está na memória coletiva o discurso de Chave ante a ONU em 2006 quando, depois do discurso de George W. Bush, disse que a tribuna "ainda cheirava a enxofre".

A relação melhorou um pouco com a chegada de Barack Obama ao poder, mas os dois países ainda não possuem embaixadores desde 2010.

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