A ONG Human Rights Watch criticou Ban Ki-moon por sempre pensar em diálogo e cooperação (Michael Nagle/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2011 às 10h41.
Bruxelas - As Nações Unidas e a União Europeia exibem uma "timidez" excessiva que beira a "covardia" diante de governos que violam os direitos humanos, denunciou nesta segunda-feira a Human Rights Watch (HRW) em seu relatório anual.
A organização, com base em Nova York, condena o "fracasso dos países supostamente campeões" destes direitos na hora de influenciar a política de Estados repressivos, escereve seu diretor geral, Kenneth Roth, na introdução do documento sobre 2010.
Na opinião de Roth, a principal falha do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e de "muitos países membros" da Comissão de Direitos Humanos da ONU é submeter o "diálogo e a cooperação" a todo tipo de pressão pública.
Ban "superestima sua capacidade de persuasão através de contatos pessoais com pessoas como o presidente sudanês, Omar al Bashir, o chefe da junta militar birmanesa, Than Shwe, e o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa", afirma o relatório.
A UE, por sua vez, "parece ter aderido" a esta política, como demonstra o fato de que a chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton, "expressa de forma repetida sua preferência por uma 'diplomacia tranquila', independente das circunstâncias".
Por este motivo, Roth escolheu apresentar seu informe em Bruxelas, nesta segunda-feira.
O diretor-geral da ONG critica sobretudo a política "servil" da UE em relação ao Uzbequistão - cujo presidente, Islam Karimov, era esperado nesta segunda na capital belga para encontrar-se com o presidente da Comisão Europeia, José Manuel Barroso - e ao Turcomenistão.
Na Europa, Alemanha, França e Grã-Bretanha são classificados como complacentes em relação à China e sua política de direitos humanos.
Mas estes não são os únicos a fazerem vista grossa sobre Pequim, destaca a HRW.
"Há uma covardia quase universal diante da deterioração das liberdades civis na China", diz o relatório.
Roth condena ainda "as grandes democracias do Sul, como Brasil, África do Sul e Índia", que também "privilegiaram ações discretas" frente aos governos de conduta repreensível.