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Honduras cancela acordo de extradição com Estados Unidos

Presidente do país disse que medida é uma resposta ao que chamou de "interferência" da embaixadora americana Laura Dogu

Xiomara Castro discursa em San Pedro Copán, durante inauguração de projeto hidrelétrico (AFP)

Xiomara Castro discursa em San Pedro Copán, durante inauguração de projeto hidrelétrico (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 06h55.

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A presidente de Honduras, Xiomara Castro, afirmou que cancelou um acordo de extradição com os Estados Unidos para evitar que ele seja usado contra militares leais a ela e facilite uma tentativa de golpe de Estado.

"Está sendo forjado um plano contra o meu governo", disse a presidente na quinta-feira, 29, referindo-se aos Estados Unidos, um dia após anunciar repentinamente o fim do acordo, que permitiu prender narcotraficantes poderosos.

Xiomara disse que tomou essa medida em resposta ao que chamou de "interferência" da embaixadora americana em Honduras, Laura Dogu, que criticou uma reunião de autoridades hondurenhas com o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir López.

Dogu expressou ontem preocupação após ver o ministro da Defesa, José Manual Zelaya, e o chefe das Forças Armadas, general Roosevelt Hernández, "sentados ao lado de um traficante de drogas na Venezuela".

Para o governo hondurenho, o acordo de extradição poderia ser usado contra Zelaya e Hernández, leais à presidente, sob o argumento de que eles se reuniram com Padrino López, sancionado por narcotráfico pelos Estados Unidos.

"Ontem atacaram o chefe das Forças Armadas e o ministro da Defesa em nosso país, um ataque que não podemos permitir", disse Xiomara durante a inauguração de um projeto hidrelétrico. "Não vou permitir que se instrumentalize a extradição para intimidar ou chantagear as Forças Armadas de Honduras."

Arma política

O chanceler de Honduras, Enrique Reina, disse que o acordo foi cancelado para que não seja usado como "arma política". "Aqui pode estar sendo gestada neste momento uma tentativa de golpe de Estado", e o tratado de extradição "pode ser uma arma política nesse embate" contra o governo, disse Reina em um programa de TV.

O chanceler afirmou que a inteligência militar detectou, após as declarações da embaixadora, que um grupo de oficiais estava "conspirando" para dar "um golpe de quartel".

O acordo era considerado uma ferramenta-chave para desmantelar o "narco-Estado" que, segundo a Justiça americana, foi criado em Honduras sob o governo anterior de Juan Orlando Hernández (2014-2022). O próprio ex-presidente de direita foi extraditado em 2022, após deixar o poder, e condenado em junho, em Nova York, a 45 anos de prisão.

Embora o tratado tenha sido assinado em 1912, as primeiras extradições ocorreram em 2014, graças a um novo acordo entre os Estados Unidos, o então presidente Porfirio Lobo (2010-2014) e Hernández, que era o líder do Congresso.

Após ser um aliado tradicional dos Estados Unidos, Honduras se alinhou à Venezuela a partir do governo atual.

Em carta enviada da prisão, Hernández descreveu o acordo de extradição como "um instrumento crucial de cooperação internacional na luta contra o crime", embora "acarrete o risco de erros", como aconteceu em seu caso, segundo ele.

O analista Joaquín Mejía, professor da Universidade Nacional, criticou a declaração da embaixadora. "Isso foi aproveitado pelo governo para tomar uma decisão que me parece lamentável, porque, no fim, o que nos é retirada é uma ferramenta que tem sido eficaz na luta contra o narcotráfico."

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