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Hollande quer erradicar paraísos fiscais

O presidente anunciou uma série de medidas para lutar contra os crimes financeiros após o envolvimento de membros de seu governo em escândalos


	Hollande: ele anunciou a "criação de uma promotoria financeira, com competência nacional, que poderá atuar nos casos de corrupção e de grandes fraudes fiscais"
 (Patrick Kovarik/AFP)

Hollande: ele anunciou a "criação de uma promotoria financeira, com competência nacional, que poderá atuar nos casos de corrupção e de grandes fraudes fiscais" (Patrick Kovarik/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 13h02.

Paris - O presidente francês, François Hollande, anunciou nesta quarta-feira sua vontade de erradicar os paraísos fiscais da Europa e do mundo, para a qual irá impor um dever de transparência aos bancos franceses, que deverão publicar a lista de suas filiais.

Este anúncio é realizado na esteira do escândalo Jérôme Cahuzac, o ex-ministro do Orçamento que foi indiciado após confessar que tinha uma conta não declarada no exterior, mesmo tendo negado isso durante meses e mentido ao chefe de Estado e ao Parlamento.

As medidas anunciadas respondem a uma vontade de moralizar a vida pública, lutando contra os conflitos de interesses e os paraísos fiscais e prevendo sanções reforçadas para as fraudes.

Devido ao caso Cahuzac, que desencadeou uma tempestade política na França, um projeto de lei será apresentado no dia 24 de abril, enquanto prossegue a polêmica sobre a publicação do patrimônio dos políticos que ocupam cargos públicos.

"É necessária uma luta implacável contra o desvio do dinheiro, a cobiça e a finança oculta"; "os paraísos fiscais devem ser erradicados na Europa e no mundo, porque esta é a condição para preservar o emprego", disse Hollande em declarações feitas nesta quarta-feira ao fim do Conselho de Ministros semanal.

"Não hesitarei em considerar como paraíso fiscal todo país que se negue a cooperar plenamente com a França", acrescentou.

Oito dias após a confissão de Jérôme Cahuzac, o clima político continua sendo tenso na França, com uma oposição de direita que se obstina a pedir uma grande mudança no governo, e uma maioria de esquerda que afirma que o caso Cahuzac é a traição de apenas um homem e que não compromete os outros membros do governo.


"A falha de um homem não deve lançar o descrédito ou a suspeita sobre os cargos públicos que se esforçam pelo bem comum sem tirar dele nenhuma vantagem", reiterou Hollande nesta quarta-feira.

Apenas onze meses depois de assumir a chefia do Estado, a popularidade de Hollande caiu vertiginosamente nas pesquisas de opinião, segundo as quais tem apenas 30% de opiniões favoráveis entre os franceses.

"Serei implacável porque fui eleito com base na vontade de uma república exemplar, e acreditem que fiquei ferido, chocado, inclusive destroçado, pelo que ocorreu, que vai contra todas as minhas concepções pessoais, minhas exigências políticas e meus compromissos", declarou nesta quarta-feira Hollande em relação ao caso Cahuzac.

Por iniciativa sua, os ministros do governo começaram a publicar suas declarações de patrimônio.

Esta medida, que o governo quer estender a todos os políticos que exercem funções de alto escalão, também é alvo de polêmica.

"Cuidado para não cair no 'voyeurisme'", declarou o chefe do principal partido da oposição de direita UMP, Jean-François Copé.

Para além das disputas políticas, as reações negativas dos políticos diante da ideia de tal publicação remete a uma tradição dos franceses, reticentes, em geral, em revelar sua renda.

"Esta transparência já existe em uma série de países, e entrou nos costumes", afirmam fontes do governo.

Hollande também anunciou nesta quarta-feira a criação de uma alta autoridade que controlará o patrimônio e os eventuais conflitos de interesses dos ministros, parlamentares e grandes vereadores, e de uma procuradoria financeira competente em todo o país em "casos de corrupção e de grandes fraudes fiscais".

*Matéria atualizada às 13h02

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