Sebastián Piñera: ex-presidente estava em helicóptero que caiu (Edgard Garrido/Reuters)
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 16h18.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 14h37.
O ex-presidente Sebastián Piñera, que governou o Chile por dois mandatos, morreu nesta nesta terça-feira, 6, em um acidente de helicóptero no sul do país. A aeronave caiu no Lago Ranco. Três dos ocupantes escaparam e nadaram até a margem.
Piñera, de 74 anos, não conseguiu fazer o mesmo e foi encontrado morto na água. Era ele quem pilotava o helicóptero, um modelo Robinson 66, encontrado submerso pela Marinha a 40 metros de profundidade no lago.
O acidente ocorreu no sul do país, a 923 km da capital Santiago, por volta das 15h. Piñera voltava de um almoço na casa de um amigo e decolou em meio ao mau tempo. A morte foi confirmada por Carolina Toha, ministra do Interior. Ela disse que o ex-presidente terá um funeral com honras de Estado.
Governou o Chile por dois períodos, entre 2010 e 2014 e de 2018 a 2022. Figura da direita tradicional do país, ele fez fortuna ao atuar em vários negócios. Foi pioneiro na implantação de cartões de crédito no país, um dos principais acionistas da companhia aérea chilena Lan, que deu origem à Latam, de um canal de televisão e do Colo-Colo, um dos maiores do país.
Presidente do Chile por dois mandatos, entre 2010 e 2014, e entre 2018 e 2022, Piñera, tinha 74 anos, e era doutor em economia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e filho de um ex-embaixador. Casado desde 1973 com Cecilia Morel e pai de quatro filhos, o ex-presidente acumulou grande fortuna devido aos seus investimentos.
Ele foi um dos principais acionistas da companhia aérea chilena LAN - hoje LATAM -, de um canal de televisão e do Colo-Colo, o clube de futebol de maior torcida do país. Piñera também trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e no Banco Mundial.
Sua vida política começou nos anos 80, quando foi um dos únicos empresários do país a se opor abertamente ao regime do ditador Augusto Pinochet, e chegou a se alinhar em diversos momentos com a centro-esquerda do país em votações cruciais quando foi eleito senador após a redemocrarização. Piñera também é um dos fundadores da Renovación Nacional, um dos principais partidos da direita do país.
Durante o seu último mandato, o Chile viveu anos de distúrbios sociais, com queda da confiança nas instituições e uma profunda desconexão entre a sociedade e a elite no país. O cenário chileno sofreu uma mudança radical após as manifestações de outubro de 2019, quando protestos contra o aumento das passagens do metrô incorporaram outras causas e resultaram em uma grande insatisfação da população com o modelo de livre mercado no país, no qual o Estado não se faz presente em setores como educação, saúde e previdência. O atual presidente do país, Gabriel Boric, foi uma das lideranças dos protestos de 2019.
Em 2014, Piñera concluiu seu primeiro mandato com 50% de aprovação. No fim do segundo mandato, em 2022, ele teve maior rejeição após seu nome aparecer no caso Pandora Papers, no qual foi citado pela venda da mineradora Dominga em 2010 por parte de uma empresa de seus filhos.
A operação foi realizada durante o primeiro mandato de Piñera por US$ 152 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas. O último pagamento estava condicionado a "que não se estabelecesse uma área de proteção ambiental sobre a área de operações da mineradora". Na época, o então presidente disse que as acusações não tinham nenhum fundamento.
Piñera era um político de direita. Ele foi um dos fundadores da Renovación Nacional, um dos principais partidos da direita tradicional do país.