Microcefalia: entidade decidiu que esta situação deve continuar a ser considerada como uma emergência sanitária pública (Nacho Doce / Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2016 às 17h33.
Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta terça-feira que há cada vez mais evidências que apontam uma relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia e outras desordens neurológicas registradas no Brasil e em outros países da América Latina.
Por esta razão, a entidade decidiu que esta situação deve continuar a ser considerada como uma emergência sanitária pública de alcance internacional.
Um comitê de pesquisadores da OMS analisou os últimos estudos realizados sobre a associação entre a microcefalia, outras desordens do sistema nervoso e o zika vírus, doença transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, mosquito que também é vetor da dengue e da febre chicungunha.
No entanto, informações e pesquisas de vários países sugerem que a transmissão sexual do vírus é mais comum do que se pensava antes, revelou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, ao apresentar à imprensa as conclusões da reunião do comitê.
Os especialistas alertam que os serviços de saúde devem estar "preparados para um potencial aumento de má-formação congênita e síndromes neurológicas".
O presidente do comitê da OMS, David Heymann, reconheceu que a situação vista no Brasil, Colômbia e outros países quanto aos casos de microcefalia é "alarmante".
Além disso, a OMS recomendou às mulheres grávidas que evitem viajar para regiões afetadas pelo zika. Para as demais pessoas, de acordo com o órgão, "não deve haver restrições", assim como para o comércio com países ou áreas com incidência do vírus.
Sobre a situação específica do Brasil, onde foram registrados os casos recentes de microcefalia vinculados ao zika, a OMS sugeriu que as autoridades identifiquem claramente os locais onde há focos da doença, para que as mulheres decidam, a partir dessas informações, se devem viajar ou não para essas regiões.
Chan pediu aos governos para "adotar fortes medidas de saúde pública" para conter o avanço do zika, sem esperar a comprovação científica da relação da doença com a má-formação fetal.
A transmissão local do vírus foi registrada em 31 países e territórios, todos eles na América Latina e no Caribe.