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Guerra leva palestinos a emigração perigosa para a Europa

Palestinos familiarizados com as operações nos túneis de contrabando dizem que entre 1.500 e 2 mil moradores de Gaza saíram do enclave


	Guerra: dezenas de palestinos começaram a partir durante o confito de julho e agosto
 (Thomas Coex/AFP)

Guerra: dezenas de palestinos começaram a partir durante o confito de julho e agosto (Thomas Coex/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2014 às 12h20.

Gaza - A recente e devastadora guerra contra Israel fez aumentar o número de palestinos da Faixa de Gaza que se juntam a um êxodo perigoso de migrantes que fogem do Oriente Médio e da África em busca de uma vida melhor na Europa.

Os palestinos familiarizados com as operações nos túneis de contrabando sob a fronteira entre Gaza e Egito dizem que entre 1.500 e 2 mil moradores de Gaza saíram do enclave nos últimos quatro a cinco meses almejando embarcar para o Egito e escapar pelo Mar Mediterrâneo.

Outrora limitados a poucos indivíduos, grupos de dezenas de palestinos começaram a partir durante o confito de julho e agosto, que trouxe ainda mais penúria e destruição a Gaza.

As notícias de que mais de 700 migrantes do Oriente Médio e da África se afogaram em naufrágios no Mediterrâneo na semana passada desencadearam alarme entre as famílias de Gaza que aguardam informações sobre a chegada segura de seus entes queridos.

“O número de pessoas com as quais as famílias em Gaza perderam contato é de cerca de 400”, disse Khalil Abu Shammal, diretor da Associação de Direitos Humanos Ad-Dameer, sediada no enclave. “É necessário adotar medidas para impedir essas viagens rumo à morte e ao desconhecido.”

Samir Asfour, de 57 anos, da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, soube da morte do filho, Ahmed, por um sobrevivente que o viu em um dos navios que naufragram em 10 de setembro.

Ahmed, de 25 anos, estava no Cairo em busca de tratamento para os ferimentos causados por um míssil israelense em 2009 quando decidiu se juntar a três primos, também mortos, e fazer a travessia, contou seu pai.

“Amigos o convenceram de que na Alemanha ele receberia um tratamento melhor”, declarou Asfour à Reuters.

O desemprego em Gaza está em torno de 50 por cento, segundo o Banco Mundial, mas há décadas muitos palestinos necessitados recebem ajuda da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), o que significa que não há uma crise humanitária generalizada.

A guerra recente, entretanto – a terceira maior ofensiva de Israel em Gaza desde 2008 – aumentou a sensação de desespero.

Para os moradores de Gaza, a jornada começa quando se registram com os donos dos túneis, que atuam como mediadores para três contrabandistas sediados no Egito.

A passagem pela fronteira custa cerca de 400 dólares, uma viagem de ônibus para a cidade de Alexandria, na costa mediterrânea, mais 800 dólares, e uma vaga no navio outros dois mil dólares, de acordo com sobreviventes e parentes dos migrantes.

Cerca de 130 mil pessoas chegaram à Europa pelo mar até agora este ano, em comparação com as 60 mil de 2013, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A Itália recebeu mais de 118 mil pessoas, a maioria resgatadas no mar pela operação naval Mare Nostrum.

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