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Grupos palestinos rivais Fatah e Hamas assinam reconciliação

O acordo de reconciliação é histórico, pois pode ser o fim de uma década de violência que acabava com as chances de negociação de paz com Israel

Gaza: Palestinos comemoraram acordo entre Fatah e Hamas (Suhaib Salem/Reuters)

Gaza: Palestinos comemoraram acordo entre Fatah e Hamas (Suhaib Salem/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de outubro de 2017 às 15h42.

O movimento islamita Hamas e o seu rival palestino Fatah anunciaram, nesta quinta-feira (12), a assinatura de um acordo sobre os termos concretos de sua reconciliação, após uma década de conflitos internos.

Mas rapidamente Israel ressaltou que não discutiria com um governo palestino que não o reconhecesse como Estado e sem o desarmamento do Hamas. Uma reconciliação com o Hamas "só complica" a tentativa de paz com Israel, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A Autoridade Palestina assumirá o controle total da Faixa de Gaza, nas mãos do Hamas, antes de 1º de dezembro de 2017, graças ao acordo assinado nesta quinta.

O Hamas e o Fatah do presidente Mahmoud Abbas prometem "ajudar o governo de unidade (...) a exercer suas responsabilidades completas na gestão da Faixa de Gaza, como é o caso na Cisjordânia", indica o comunicado emitido pelo Cairo, que mediou os esforços de reconciliação entre as partes palestinas.

Os movimentos têm até esta data para resolver suas diferenças. Uma nova reunião está prevista para o dia 21 de novembro, para discutir a formação de um governo de unidade.

"Congratulo-me com o acordo do Cairo, e instruo a delegação [na capital egípcia] a assiná-lo imediatamente", anunciou o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em conversa telefônica com a AFP.

Horas antes, o líder do Fatah em Gaza, Zakaria al-Agha, anunciou que Abbas irá visitar o território "em menos de um mês".

Esta seria a primeira visita do presidente a Gaza desde 2007, quando o Hamas assumiu o poder no enclave depois de expulsar a Autoridade Palestina após violentos confrontos com o Fatah.

A Autoridade Palestina, uma entidade reconhecida internacionalmente, é dominada pelo moderado Fatah de Abbas e exerce um poder limitado na Cisjordânia, ocupada por Israel e localizada a dezenas de quilômetros de distância de Gaza.

Em outro sinal de aproximação, Abbas retirará "muito em breve" as sanções financeiras adotadas em 2017 para forçar o Hamas a negociar, segundo indicou Agha.

Supervisão egípcia

Diante do risco de uma explosão social, de um menor apoio do Qatar e da pressão do vizinho Egito, o Hamas aceitou, em setembro, o retorno da Autoridade Palestina e seu governo a Gaza, onde na semana passada aconteceu o primeiro conselho de ministros desde 2014.

O movimento islâmico e seu rival laico e moderado iniciaram na terça-feira conversas discretas na capital egípcia para concretizar uma reconciliação que anunciaram com grande pompa na semana passada.

E, apenas dois dias depois, nesta quinta-feira, o Hamas anunciou um acordo "sob os auspícios do Egito".

Os palestinos devem organizar uma coletiva de imprensa no início da tarde para abordar esta questão, segundo Fayez Abu Eita, porta-voz do Fatah e membro da delegação de seu partido no Cairo.

As conversas centraram-se nos aspectos práticos da aproximação entre os dois movimentos palestinos, que estavam em conflito até poucas semanas atrás.

No momento, o conteúdo do acordo é desconhecido, embora uma autoridade palestina tenha anunciado a implantação de 3.000 policiais da Autoridade Palestiniana em Gaza e nas fronteiras com Israel e o Egito.

Chave para o futuro

Ambos os lados já advertiram que a reconciliação levará tempo. A partilha de poder parece extremamente complicada, uma vez que os interesses das partes são contraditórios.

O resultado da aproximação entre Hamas e Fatah é primordial para o futuro dos palestinos, em primeiro lugar para os dois milhões de habitantes de Gaza, esgotados por três guerras com Israel desde 2008 e vítimas do bloqueio israelense e egípcio, da pobreza, desemprego e de cortes de água e eletricidade.

As divisões palestinas também são vistas como um dos principais obstáculos para encontrar uma saída para o conflito com Israel.

A legitimidade do presidente Abbas, interlocutor de Israel e da comunidade internacional, é minada pelo fato de que o Hamas, considerado um movimento terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia e como intratável por vários países árabes, governa dois quintos dos habitantes dos Territórios Ocupados.

A experiência do Hezbollah

O Hamas espera o fim das sanções financeiras impostas por Abbas, como a suspensão do pagamento da energia elétrica fornecida por Israel.

"Nós vamos revisitar estas (sanções) quando o governo puder assumir suas responsabilidades", afirmou o presidente palestino na semana passada.

Quanto à possibilidade de o Hamas assumir a segurança em Gaza, Abbas advertiu que não aceitaria "copiar a experiência do movimento xiita Hezbollah no Líbano".

Por sua vez, o Hamas assegurou que não negociará a entrega de suas armas.

Fatah e Hamas também devem estudar o futuro de dezenas de milhares de funcionários recrutados pelo Hamas desde 2007.

"Israel se opõe a qualquer forma de reconciliação na qual a organização terrorista do Hamas não abre mão das armas e não cessa seu combate ara a destruição de Israel", reagiu Netanyahu no Facebook.

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