Greves se espalham no Reino Unido com aproximação do Natal
Carteiros britânicos se somaram aos grevistas do setor ferroviário e da British Airways e protestam até sexta-feira
AFP
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 14h21.
Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 14h25.
Os carteiros britânicos iniciaram nesta segunda-feira uma greve que pode se tornar a mais longa de sua história, e se somaram, assim, aos grevistas do setor ferroviário e da British Airways, às vésperas das festas de Natal.
Um total de 3.500 funcionários dos Correios (Post Office, público), membros do sindicato CWU, protestam até sexta-feira contra a supressão de postos de trabalho e mudanças em seu regime de aposentadoria.
O movimento afetará centenas de agências em todo o país em meio à aproximação do Natal, o período mais movimentado do ano.
Mil funcionários do grupo postal Royal Mail (privatizado em 2013), encarregados da distribuição, ameaçam se solidarizar com seus companheiros do Post Office.
Por sua vez, os membros do poderoso sindicato RMT (Rail, Maritime and Transport Union) da companhia Southern Railways anunciaram que prosseguiam com sua greve lançada na semana passada, e que afeta os 300.000 usuários dos trens que unem o sul da Inglaterra e Londres.
Centenas de milhares de passageiros ficaram sem serviço de trens na última sexta-feira pelo terceiro dia na semana anterior.
No setor da aviação, cerca de 2.000 membros da tripulação da companhia aérea British Airways - 15% - votaram por entrar em greve, em particular no dia de Natal, para pedir um aumento do salário.
O sindicato Unite, que convocou o movimento, afirma que os funcionários contratados a partir de 2010 têm salários tão baixos que precisam dormir em seus carros entre os voos.
No entanto, serão realizadas negociações nesta segunda-feira entre os funcionários e a empresa.
Pilotos da companhia Virgin Atlantic e funcionários do serviço de bagagens ameaçam realizar ações similares.
Incerteza econômica
O caos provocado pela greve ferroviária levou um deputado do mesmo partido da primeira-ministra conservadora Theresa May a pedir o endurecimento das leis para fazer greve em infraestruturas essenciais.
Um vídeo que mostra o presidente do sindicato RMT declarando que deseja "derrubar o governo", divulgado no domingo pelo Sunday Times, aumentou ainda mais as tensões.
Uma fonte no seio de Downing Street considerou, no entanto, nesta segunda-feira que apenas a negociação pode colocar fim a estes movimentos sociais: "Convocamos os sindicatos a vir se sentar à mesa de negociações", indicou o jornal The Guardian.
As causas das diferentes greves - que vão desde o tema das aposentadorias até as condições de trabalho - não têm relação aparente entre si, opina Tom Kerr Williams, assessor em assuntos de emprego no gabinete PwC, citado pelo jornal City A.M.
No entanto, estes movimentos "têm em comum que afetam funcionários que sofrem uma incerteza provocada pela pressão econômica", acrescenta.