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Greve geral paralisa transportes e serviços na Argentina

Redes de transporte público, trabalhadores portuários e os bancos pararam hoje na Argentina para exigir alterações em alíquotas de imposto de renda

Funcionário do metrô caminha em terminal vazio durante greve em Buenos Aires (Marcos Brindicci/Reuters)

Funcionário do metrô caminha em terminal vazio durante greve em Buenos Aires (Marcos Brindicci/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2015 às 16h38.

Buenos Aires - As redes de transporte público da Argentina ficaram paralisadas nesta terça-feira, enquanto trabalhadores portuários no principal centro de exportação de grãos em Rosário cruzaram os braços e os bancos fecharam as portas durante uma greve geral de um dia para exigir alterações nas alíquotas de imposto de renda.

A greve causou grandes transtornos no transporte aéreo doméstico, o lixo se acumulou nas calçadas e muitas empresas permaneceram fechadas, já que funcionários tiveram dificuldades para chegar ao trabalho, frustrando empresários já em dificuldades devido à fraca economia.

Diante da elevada inflação, os sindicatos de transporte que lideram a greve exigem que o governo de esquerda da Argentina aumente a faixa mínima de isenção do pagamento de imposto de renda.

Os sindicatos se queixam de que mais trabalhadores terão de pagar imposto se o aumento de dois dígitos previsto nos salários a fim de manter o ritmo da inflação seja concedido sem elevar o limite de isenção de imposto de renda.

O governo afirmou que a inflação foi de 24 por cento em 2014, mas os economistas privados estimam que foi de cerca de 35 por cento.

A perspectiva de intensificação das disputas trabalhistas é outra dor de cabeça para a presidente do país, Cristina Kirchner, que está lutando para reanimar uma economia estagnada e evitar um aprofundamento do último calote da dívida do governo.

"Esta greve é ​​a nossa resposta à recusa do governo a ouvir o nosso apelo de que é injusto manter a dedução de dinheiro de nossos salários", disse a uma rádio Pablo Moyano, do poderoso sindicato dos caminhoneiros, considerando a greve um "total sucesso".

"O governo tem de ouvir as reivindicações dos trabalhadores", disse a bancária de 35 anos Claudia Ferretti, que se queixava da carga de impostos sobre sua renda. "A inflação está corroendo o que nos resta em nossos bolsos após os impostos."

O proprietário de uma pequena fábrica têxtil que se identificou apenas como Daniel disse: "Entendo o pedido de alterações no imposto de renda, mas não posso dar ao luxo de ter a fábrica parada nem por um dia."

Com uma eleição presidencial iminente, em outubro, Cristina quer evitar uma onda de protestos politicamente prejudiciais. Autoridades do governo expressaram preocupação de que os sindicatos simpáticos à oposição vão intensificar suas demandas e lançar mais ataques nos próximos meses.

Uma fonte familiarizada com o pensamento de Cristina disse no início deste mês que o governo está considerando mudar a faixa de isenção do imposto de renda. Mas no fim de semana, o ministro da Economia, Axel Kicillof, garantiu que nenhuma alteração estava planejada.

"Esta greve está prejudicando muitas pessoas que querem começar a trabalhar", disse o chefe de gabinete, Aníbal Fernandez, a repórteres em entrevista coletiva diária. Perguntado se havia uma corrente política por trás da greve, ele respondeu: "Nós estamos em ano eleitoral."

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