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Greve de médicos estagiários na Coreia do Sul ameaça colapsar saúde do país

Em alguns hospitais do país, os médicos juniores representam cerca de 30% a 40% do efetivo

Coreia do Sul: cerca de 8.940 médicos internos e residentes deixaram seus locais de trabalho
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 06h51.

Milhares de médicos juniores na Coreia do Sul têm se recusado a atender pacientes e participar de cirurgias desde que abandonaram o trabalho em 20 de fevereiro em resposta à pressão do governo para recrutar mais estudantes de medicina.

Segundo a Associated Press, até terça-feira, cerca de 8.940 médicos internos e residentes deixaram seus locais de trabalho em protesto, interrompendo as operações dos principais hospitais da Coreia do Sul e ameaçando sobrecarregar o serviço médico geral do país. Agora, as autoridades advertiram que eles têm até quinta-feira para retornar ao trabalho ou enfrentarão suspensões de licença e processos judiciais.

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A lei médica da Coreia do Sul permite que o governo emita ordens de retorno ao trabalho quando constatar graves riscos à saúde pública. Aqueles que se recusarem a cumprir podem ter suas licenças médicas suspensas por até um ano e também podem pegar até três anos de prisão, ou uma multa de 30 milhões de wons (cerca de US$ 22.500). Aqueles que forem condenados à prisão terão suas licenças médicas cassadas.

Por que os médicos juniores estão em greve?

O governo planeja aumentar em 2.000 os limites anuais de admissão nas faculdades de medicina da Coreia do Sul, em comparação com os atuais 3.058.

De acordo com a AP, o plano de matrículas tem o objetivo de adicionar até 10.000 médicos até 2035 para lidar com o rápido envelhecimento da população do país. As autoridades dizem que a Coreia do Sul tem 2,1 médicos por 1.000 pessoas - muito abaixo da média de 3,7 no mundo desenvolvido.

Os médicos em greve dizem que as escolas não conseguem lidar com um aumento abrupto do número de estudantes e que áreas essenciais como pediatria e obstetrícia continuariam tendo escassez de profissionais.

Alguns críticos dizem que os médicos juniores em greve simplesmente se opõem ao plano do governo porque temem que a contratação de mais médicos resulte em uma renda menor.

Em alguns dos principais hospitais do país, os médicos juniores representam cerca de 30% a 40% do efetivo. Os grevistas estão entre os 13.000 médicos residentes e estagiários do país, e trabalham e treinam em cerca de 100 hospitais da Coreia do Sul.

O governo ampliou o horário de funcionamento das instituições médicas públicas, abriu salas de emergência dos hospitais militares ao público e concedeu proteção legal aos enfermeiros para que realizem alguns procedimentos médicos normalmente feitos por médicos.

O vice-ministro da Saúde, Park Min-soo, disse na terça-feira que o tratamento de pacientes críticos e emergenciais no país permanece estável. Especialistas dizem, porém, que o serviço médico geral do país sofreria um grande golpe se as paralisações se prolongassem ou se os médicos mais velhos aderissem à greve.

A Associação Médica da Coreia, que representa cerca de 140.000 profissionais no país, expressou seu apoio aos médicos estagiários, embora não tenha decidido se vai aderir à greve.

Os médicos estão entre os profissionais mais bem pagos da Coreia do Sul e, até o momento, a greve dos estagiários não conseguiu conquistar o apoio do público, com uma pesquisa mostrando que cerca de 80% dos entrevistados apoiam o plano de recrutamento do governo.

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