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Grampo liga contraventor a verbas do BNDES para GO

A Delta era uma das empresas que tinham contrato com a Agência Goiana de Transportes e Obras

O BNDES sustentou que "não foi detectada nenhuma irregularidade na aplicação dos recursos" da obra em questão (Divulgação/BNDES)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2012 às 08h05.

Goiânia - Uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, mostra que ambos trataram de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinadas a obras no Estado de Goiás. Durante o diálogo, ocorrido em 26 de abril de 2011, Garcez diz a Cachoeira: "Eu num falei pro Cláudio ainda, mas... parece que... aquela hora que eu tava com você no carro o secretário de Finanças lá o... diretor financeiro que eu tinha ligado pra ele mais cedo, disse que o governador assinou o decreto, vai ser publicado, e que agora é rápido, aquele pagamento lá da... do BNDES entendeu? (sic)".

O Cláudio citado no diálogo é Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções, preso anteontem durante operação do Ministério Público em Goiânia. Pouco antes de citar o BNDES, Garcez diz a Cachoeira que queria levá-lo à Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) no dia seguinte, antes que o contraventor fosse ao aeroporto, pois uma pessoa chamada Tiago lhe telefonara para informar que "agora sai o trem lá porque pegou o quadro lá tudo direitinho".

O governo de Goiás, na gestão de Marconi Perillo (PSDB), tinha à disposição R$ 85 milhões do BNDES para obras - valor restante de um contrato de R$ 260 milhões firmado na gestão anterior de Alcides Rodrigues (PP). Perillo prometia usar os recursos em obras rodoviárias. A Delta era uma das empresas que tinham contrato com a Agetop.

Em 29 de abril, três dias após o diálogo gravado pela Polícia Federal entre os contraventores, o governo de Goiás publicou dois decretos suplementando o orçamento da agência de obras, um deles no valor de R$ 17 milhões e outro no valor de R$ 1,4 milhão. Duas semanas depois, um novo decreto suplementa o crédito da Agetop em R$ 69,5 milhões.

A Agetop, que é presidida por Jayme Rincón, tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo goiano em 2010 e uma das figuras mais proeminentes da administração goiana, afirma ter pago à Delta entre 2011 e 2012 para conservação e construção de rodovias o montante de R$ 12,8 milhões. O jornal O Estado de S. Paulo, porém, localizou no Portal da Transparência do governo estadual pagamentos de R$ 51,1 milhões à empresa somente no ano passado. O governo não explicou a diferença nos valores, que pode estar no fato de que a Delta tem contratos em outras áreas.

Atualmente, somente com a Agetop a empresa tem contratos que somam R$ 115 milhões. Desses, segundo o governo, R$ 64,5 milhões foram firmados na gestão Alcides Rodrigues, e R$ 51,5 milhões na atual.

Na conversa com Garcez flagrada pela PF, Cachoeira volta a citar Cláudio Abreu: "Você que tem de cobrar o Cláudio. Segunda-feira é que dia? Terça-feira tem de tá depositado esse trem".

Outro lado

Questionados sobre o grampo, o governo de Goiás e a Agetop afirmam que "o pagamento das obras rodoviárias do convênio do BNDES foi realizado independente do interesse de qualquer empresa, já que contemplou todas as empresas executoras das obras nele contidas". "Em relação ao convênio com o BNDES informamos que todas as prestações de contas e solicitações de recursos são condicionadas à atualização da regularização fundiária e ambiental, o que foi providenciado no primeiro semestre do ano passado. Por meio de decretos governamentais essa regularização fundiária e ambiental foi efetivada, não restando nenhuma pendência para a prestação de contas da Agetop", diz a nota.

Os advogados de defesa de Cachoeira e Wladmir Garcez não quiseram se manifestar.

O BNDES informou que após conceder empréstimos "realiza acompanhamento tanto da parte financeira, por meio da conferência de documentos que comprovam a realização dos gastos previstos na execução de determinada obra, quanto por meio de visitas de campo". Sustentou que "não foi detectada nenhuma irregularidade na aplicação dos recursos" da obra em questão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Goiânia - Uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, mostra que ambos trataram de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinadas a obras no Estado de Goiás. Durante o diálogo, ocorrido em 26 de abril de 2011, Garcez diz a Cachoeira: "Eu num falei pro Cláudio ainda, mas... parece que... aquela hora que eu tava com você no carro o secretário de Finanças lá o... diretor financeiro que eu tinha ligado pra ele mais cedo, disse que o governador assinou o decreto, vai ser publicado, e que agora é rápido, aquele pagamento lá da... do BNDES entendeu? (sic)".

O Cláudio citado no diálogo é Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções, preso anteontem durante operação do Ministério Público em Goiânia. Pouco antes de citar o BNDES, Garcez diz a Cachoeira que queria levá-lo à Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) no dia seguinte, antes que o contraventor fosse ao aeroporto, pois uma pessoa chamada Tiago lhe telefonara para informar que "agora sai o trem lá porque pegou o quadro lá tudo direitinho".

O governo de Goiás, na gestão de Marconi Perillo (PSDB), tinha à disposição R$ 85 milhões do BNDES para obras - valor restante de um contrato de R$ 260 milhões firmado na gestão anterior de Alcides Rodrigues (PP). Perillo prometia usar os recursos em obras rodoviárias. A Delta era uma das empresas que tinham contrato com a Agetop.

Em 29 de abril, três dias após o diálogo gravado pela Polícia Federal entre os contraventores, o governo de Goiás publicou dois decretos suplementando o orçamento da agência de obras, um deles no valor de R$ 17 milhões e outro no valor de R$ 1,4 milhão. Duas semanas depois, um novo decreto suplementa o crédito da Agetop em R$ 69,5 milhões.

A Agetop, que é presidida por Jayme Rincón, tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo goiano em 2010 e uma das figuras mais proeminentes da administração goiana, afirma ter pago à Delta entre 2011 e 2012 para conservação e construção de rodovias o montante de R$ 12,8 milhões. O jornal O Estado de S. Paulo, porém, localizou no Portal da Transparência do governo estadual pagamentos de R$ 51,1 milhões à empresa somente no ano passado. O governo não explicou a diferença nos valores, que pode estar no fato de que a Delta tem contratos em outras áreas.

Atualmente, somente com a Agetop a empresa tem contratos que somam R$ 115 milhões. Desses, segundo o governo, R$ 64,5 milhões foram firmados na gestão Alcides Rodrigues, e R$ 51,5 milhões na atual.

Na conversa com Garcez flagrada pela PF, Cachoeira volta a citar Cláudio Abreu: "Você que tem de cobrar o Cláudio. Segunda-feira é que dia? Terça-feira tem de tá depositado esse trem".

Outro lado

Questionados sobre o grampo, o governo de Goiás e a Agetop afirmam que "o pagamento das obras rodoviárias do convênio do BNDES foi realizado independente do interesse de qualquer empresa, já que contemplou todas as empresas executoras das obras nele contidas". "Em relação ao convênio com o BNDES informamos que todas as prestações de contas e solicitações de recursos são condicionadas à atualização da regularização fundiária e ambiental, o que foi providenciado no primeiro semestre do ano passado. Por meio de decretos governamentais essa regularização fundiária e ambiental foi efetivada, não restando nenhuma pendência para a prestação de contas da Agetop", diz a nota.

Os advogados de defesa de Cachoeira e Wladmir Garcez não quiseram se manifestar.

O BNDES informou que após conceder empréstimos "realiza acompanhamento tanto da parte financeira, por meio da conferência de documentos que comprovam a realização dos gastos previstos na execução de determinada obra, quanto por meio de visitas de campo". Sustentou que "não foi detectada nenhuma irregularidade na aplicação dos recursos" da obra em questão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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