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Governo sírio afirma ser favorável ao diálogo

O emissário da ONU e da Liga Árabe anunciou que tem um plano que pode ser aprovado pela comunidade internacional para solucionar o conflito, que já dura 21 meses

Crianças brincam em caçamba de caminhonete em Aleppo, na Síria (©afp.com / Prashant Rao)

Crianças brincam em caçamba de caminhonete em Aleppo, na Síria (©afp.com / Prashant Rao)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2012 às 11h10.

Damasco - As autoridades sírias afirmaram nesta segunda-feira que responderão favoravelmente a qualquer iniciativa de diálogo para resolver o conflito no país, que já dura 21 meses, depois do anúncio do emissário internacional, Lakhdar Brahimi, de que tem um plano para acabar com a violência.

"O governo está trabalhando para apoiar o projeto de reconciliação nacional e responderá a todas as iniciativas regionais ou internacionais que permitam resolver a crise atual com o diálogo e meios pacíficos, e que impeçam uma intervenção estrangeira nos assuntos internos da Síria", declarou no Parlamento o primeiro-ministro Wael al-Halaqi, em um discurso exibido ao vivo pela televisão estatal.

Em 21 meses de revolta morreram 45.000 pessoas, 90% delas (quase 40.000) apenas em 2012, destacou nesta segunda-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres e que conta com uma ampla rede de fontes na Síria.

No total, 39.362 pessoas morreram na Síria em 2012 e pelo menos 28.113 eram civis, segundo a organização não governamental, que considera como civis também os que pegaram em armas para combater as tropas do regime de Assad.

O número de soldados mortos em 2012 chegou a 9.482 e o de desertores a 1.040. Além disso, 727 mortos não tiveram as identidades determinadas, segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.

Desde o início da revolta popular contra o regime de Bashar al-Assad, que mais tarde virou um conflito armado, as autoridades de Damasco afirmam lutar contra "grupos terroristas".

"O que acontece na Síria é um assunto sírio que será resolvido pelos sírios sem pressão nem ordens do exterior", completou.

"A Síria caminha para um momento histórico em que anunciará a vitória sobre seus inimigos e se posicionará para reconstruir uma nova ordem mundial que promete a soberania nacional e o conceito de direito internacional", completou o premier.

O emissário da ONU e da Liga Árabe anunciou que tem um plano que pode ser aprovado pela comunidade internacional para solucionar o conflito, que provoca quase 100 mortos a cada dia.

Rússia e China vetaram várias resoluções do Conselho da Segurança da ONU de condenação ao regime de Damasco, mas recentemente Moscou deu a entender que se prepara para uma Síria sem Assad, segundo analistas.

Brahimi propõe "uma solução política baseada na declaração de Genebra que prevê um cessar-fogo, a formação de um governo com plenos poderes e um plano para celebrar eleições presidenciais ou parlamentares".

O enviado internacional não se pronunciou sobre o destino de Bashar al-Assad, mas disse que os sírios poderiam optar por uma mudança de regime para passar do sistema presidencial vigente a um sistema parlamentar.

O conflito sírio registrou um novo momento trágico no domingo à noite, quando 30 corpos com sinais de tortura foram encontrados em um bairro da zona norte de Damasco, cenário frequente de confrontos entre o exército oficial e os rebeldes, informou o OSDH.

"Trinta corpos foram encontrados no bairro de Barzeh. Tinham sinais de torturas e até agora não foram identificados", afirma um comunicado da ONG.

A Comissão Geral de Revolução Síria (CGRS) anunciou que o número de corpos chega a 50. Em um comunicado destaca que "as cabeças foram cortadas e desfiguradas a tal ponto que é impossível identificar" as vítimas.

A CGRS acusou os "shabihas", as milícias do regime, pelas "execuções sumárias".

A informação não pôde ser confirmada com fontes independentes pela gravidade da violência no país e as restrições impostas ao trabalho da imprensa internacional.

Nesta segunda-feira, o exército sírio bombardeou várias localidades próximas de Damasco, enquanto reforços militares eram enviados a Daraya, uma cidade próxima da capital e controlada pelos rebeldes, mas que as tropas de Assad tentam retomar há várias semanas.

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