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Governo francês mantém política apesar de derrota nas urnas

Apesar de um resultado melhor que o previsto, o Partido Socialista (PS) do presidente François Hollande foi relegado ao terceiro lugar, com 21,8% dos votos

O premier da França, Manuel Valls: apesar de um resultado melhor que o previsto, o Partido Socialista (PS) do presidente François Hollande foi relegado ao terceiro lugar, com 21,8% dos votos (Alain Jocard/AFP)

O premier da França, Manuel Valls: apesar de um resultado melhor que o previsto, o Partido Socialista (PS) do presidente François Hollande foi relegado ao terceiro lugar, com 21,8% dos votos (Alain Jocard/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2015 às 11h54.

Paris - O governo socialista da França descartou nesta segunda-feira mudar o rumo de sua política, um dia depois de uma nova derrota nas eleições locais, dominadas pela oposição de direita, e que também confirmaram a sólida presença da Frente Nacional (FN, extrema direita) no cenário político.

O primeiro turno das eleições departamentais, consideradas um possível reflexo da disputa presidencial de 2017, foi liderada no domingo pela UMP, partido do ex-presidente de direita Nicolas Sarkozy, e seus aliados centristas (29,4%), que superaram a FN de Marine Le Pen (25,1%).

Apesar de um resultado melhor que o previsto, o Partido Socialista (PS) do presidente François Hollande foi relegado ao terceiro lugar, com 21,8% dos votos.

"O Partido Socialista resistiu mais do que o previsto", disse o primeiro-ministro Manuel Valls, que fez um apelo a favor da "união de toda a esquerda" para o segundo turno.

A divisão da esquerda, cujo resultado global é próximo ao da direita, é uma das razões do retrocesso do PS.

"É preciso continuar uma política que vai dar resultados", ressaltou Valls.

"O país está no caminho da recuperação econômica", completou, antes de admitir que a situação torna difícil reduzir o desemprego, que atualmente supera 10%.

O governo aposta em uma conjuntura internacional mais favorável com a desvalorização do euro e espera um crescimento levemente superior à previsão oficial de 1% para 2015, mas ainda abaixo do mínimo necessário de 1,5% para estimular o emprego.

O PS, que sofreu no domingo o quarto revés eleitoral consecutivo, depois das eleições municipais, europeias e para o Senado de 2014, paga o preço da divisão da esquerda e da desilusão do eleitorado com o governo de Hollande.

A Frente Nacional, que aparecia com 30% das pesquisas, não alcançou o objetivo de liderar os resultados para anunciar que é o principal partido da França, mas consolidou sua presença, com quase 25% dos votos.

O primeiro lugar da UMP permitiu a Nicolas Sarkozy, cujo partido também sofre com disputas internas, afirmar que "a alternância está em marcha e nada vai detê-la".

Sociedade de direita

A imprensa destaca o fracasso do PS e uma "onda azul" (a direita), mais que "azul marinho" (a cor da FN).

"A esquerda salvou as aparências, mas não os móveis", resume o jornal Le Monde.

O primeiro turno é um forte indicador do estado da sociedade francesa, que agora tem "muito claramente uma orientação de direita", reconheceram fontes da equipe de Hollande.

O PS e seus aliados foram eliminados da disputa no domingo em 524 dos pouco mais de 2.000 cantões (os distritos eleitorais das votações departamentais).

A esquerda, que até agora administrava 61 dos 101 departamentos, poderá conseguir manter pouco mais de 20 após o segundo turno, que acontecerá no próximo sábado. A UMP deve sair das urnas como a grande vencedora, graças ao voto dos eleitores de esquerda para impedir o avanço da extrema-direita.

A Frente Nacional pode vencer em quatro departamentos.

O primeiro-ministro Manuel Valls defendeu a união de toda a esquerda, dos ecologistas, dos progressistas, "ao redor dos candidatos de esquerda presentes no segundo turno".

Depois das eleições departamentais, Hollande poderia reformar o governo. Mas ele já antecipou que Manuel Valls permanecerá como chefe de Governo.

A imprensa menciona o possível retorno dos ecologistas ao governo e a incorporação de alguns socialistas "rebeldes", como são chamados aqueles que criticam a guinada liberal adotada por Hollande ano passado.

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