Primeiro ministro da Líbia: as milícias da capital juraram lealdade ao governo na quinta-feira, assim como as autoridades de 10 cidades do oeste (Hani Amara / Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2016 às 11h53.
O governo de unidade nacional da Líbia recebeu o apoio das milícias da capital de 10 cidades, o que gera a esperança de que esta autoridade respaldada pela comunidade internacional consiga retirar o país do caos.
O chefe deste Governo, Fayez al-Sarraj, chegou à capital líbia na quarta-feira, procedente da Tunísia, em um navio da Marinha e desembarcou na base naval.
A situação provocou a revolta do governo e do Parlamento não reconhecidos instalados em Trípoli e vinculados à coalizão de milícias Fajr Libya, que pediram que ele deixasse a cidade ou assumisse as consequências.
A chegada foi marcada pela tensão na capital, com avenidas fechadas e tiros, que provocaram o temor dos moradores.
Mas, ao contrário do que muitos previam, Sarraj recebeu vários apoios. As milícias da capital juraram lealdade ao governo na quinta-feira, assim como as autoridades de 10 cidades do oeste.
Sarraj também recebeu o apoio de guardas que protegem as instalações de petróleo.
E quase 300 líbios, desafiando o esquema de segurança, saíram às ruas do centro de Trípoli aos gritos de "O povo quer um governo de união! Fora Ghweil!", em referência ao chefe do governo não reconhecido, Khalifa al-Ghweil.
Em um comunicado, 10 municípios situados entre a cidade de Trípoli e a fronteira com a Tunísia, incluindo Sabratha, Zawiya e Zuara, fizeram um apelo por apoio ao governo de união, que recebeu um pedido de "acabar imediatamente com os conflitos no país".
Desde a queda do regime do ditador Muamar Khadafi em 2011, a Líba se encontra em um cenário de caos, onde as milícias impõem a lei. A violência ajudou a presença do grupo Estado Islâmico na região de Sirte, ao leste de Trípoli.
Os apoios a Sarraj podem ser explicados pelo cansaço dos líbios com o caos e pela esperanza gerada pelo governo de unidade, que prometeu unificar o país, criar um exército forte e melhorar a economia, totalmente fragilizada pela falta de liquidez.
Para Husein Dawwadi, prefeito de Sabratha, "a situação é ruim, a vida se tornou muito cara, não há dinheiro".
"Acreditamos que é o momento de apoiar o governo. Não vai mudar as coisas imediatamente, mas acreditamos que começará ao menos a solucionar os problemas, um a um", disse.
Há vários meses, a comunicade internacional aposta em uma autoridade unificada para tentar frear a influência jihadista, a crise migratória e reativar a produção de petróleo.
Sarraj ainda não deixou a base naval desde que chegou a Trípoli, mas já se reuniu com vários membros de seu governo e com personalidades políticas e econômicas, incluindo o presidente do Banco Central, com quem abordou a falta de liquidez.
Para ajudar o governo unidade, a União Europeia adotou sanções contra pessoas relacionadas com a Fajr Libya.