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Governo da Síria dita termos para investigar ataque químico

Ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al-Moualem, disse que a experiência anterior de seu país com investigações internacionais não foi animadora

Walid al-Moualem, sobre investigações de ataque químico: "não pode ser politizada, precisa partir de Damasco, e não da Turquia" (Sergei Karpukhin/Reuters)

Walid al-Moualem, sobre investigações de ataque químico: "não pode ser politizada, precisa partir de Damasco, e não da Turquia" (Sergei Karpukhin/Reuters)

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Reuters

Publicado em 6 de abril de 2017 às 12h12.

Beirute - O governo da Síria estabeleceu nesta quinta-feira as condições para qualquer inquérito internacional sobre um suposto ataque químico que matou dezenas de pessoas em uma cidade do país, dizendo que a investigação não deve ser "politizada" e que deveria partir de Damasco, e não da Turquia.

O ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al-Moualem, disse que a experiência anterior de seu país com investigações internacionais não foi animadora. O governo só tomará uma decisão sobre a ideia depois que suas preocupações tiverem sido abordadas, disse.

Moualem também reiterou que seu governo nega enfaticamente a responsabilidade pelo ataque de terça-feira em Khan Sheikhoun, na província de Idlib, no noroeste sírio, uma área controlada principalmente por grupos rebeldes e situada na fronteira com a Turquia.

Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, ultrapassou limites e que sua atitude em relação à Síria e a Assad mudou, mas não deu nenhum indício de como irá reagir.

Moualem não respondeu diretamente a perguntas sobre os comentários de Trump, mas disse reconhecer "a gravidade" de declarações recentes dos EUA e citou a especulação de que estas podem ter sido uma maneira de fazer pressão diplomática na Organização das Nações Unidas (ONU).

Falando em uma coletiva de imprensa em Damasco, Moualem disse que a Rússia, aliada do governo sírio, propôs a formação de uma "comissão de inquérito não politizada".

"Não pode ser politizada, precisa partir de Damasco, e não da Turquia. Temos numerosas dúvidas sobre este assunto. Quando estivermos certos de que estas dúvidas foram abordadas com respostas convincentes, daremos nossa resposta", afirmou.

Países ocidentais acusaram o governo da Síria de ter realizado o ataque químico de terça-feira, que matou mais de 70 pessoas, incluindo ao menos 20 criança. A Rússia diz que as mortes foram causadas por um vazamento em um depósito de armas químicas dos rebeldes, depois de este ser atingido por um ataque aéreo sírio.

O chanceler disse que um ataque aéreo sírio atingiu uma loja onde a Frente Al-Nusra armazenava armas químicas. A Frente Al-Nusra é um grupo jihadista que hoje opera como parte de uma aliança chamada Tahrir al-Sham. Moualem disse que a Al-Nusra e o Estado Islâmico vêm estocando armas químicas em áreas urbanas da Síria.

Os rebeldes negam que havia qualquer posição militar na área visada no ataque aéreo de terça-feira.

Moualem ainda disse que o primeiro ataque aéreo realizado na área ocorreu às 11h30 locais, cerca de cinco horas depois de um observador de operações aéreas em Khan Sheikhoun relatar que um único caça sírio lançou ao menos quatro bombas no local, incluindo uma que criou uma nuvem de fumaça branca.

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