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Gonzáles Urrutia, opositor de Nicolás Maduro, deixa Venezuela e busca asilo na Espanha

Após convocá-lo três vezes para prestar depoimento, Ministério Público do país emitiu mandado de prisão contra candidato à presidência

Publicado em 8 de setembro de 2024 às 08h27.

Última atualização em 8 de setembro de 2024 às 08h54.

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O ex-candidato da oposição Edmundo González Urrutia, principal rival do atual presidente Nicolás Maduro nas eleições presidenciais realizadas em de 28 de julho, deixou a Venezuela e viajou para a Espanha neste domingo, 8, país que lhe oferecerá o asilo político, após solicitação feita pelo próprio ex-diplomata.

"Edmundo González está atualmente voando para a Espanha em um avião da força aérea espanhola", disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, de Omã aos meios de comunicação que o acompanham em uma viagem oficial à China, e acrescentou que "ele também solicitou o direito de asilo, que, obviamente, o governo espanhol vai processar e conceder".

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Resultado das eleições não é reconhecido

A saída de González Urrutia da Venezuela acontece em meio a uma crise política desencadeada após a eleição presidencial, na qual Maduro foi declarado oficialmente reeleito para um terceiro mandato de seis anos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão venezuelano responsável por administrar as eleições locais.

O comunicado do CNE e a ratificação do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) do resultado gerou desconforto internacional, pois diversos países não reconheceram a vitória de Maduro, alegando que não houve transparência a respeito do processo eleitoral e das atas de votação usadas dentro do sistema venezuelano.

"Hoje, 7 de setembro, o cidadão oposicionista Edmundo González Urrutia, refugiado voluntário na embaixada do Reino da Espanha em Caracas há vários dias, deixou o país e solicitou asilo político a esse governo", declarou anteriormente a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, em suas redes sociais.

Após contatos entre os dois governos, "a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários para o bem da tranquilidade e da paz política do país", acrescentou.

"Confirmo que ele foi para a Espanha", disse o advogado de González Urrutia, José Vicente Haro, à AFP, afirmando que não poderia fazer mais comentários.

De acordo com uma fonte próxima à oposição, ele deixou a Venezuela com sua esposa, Mercedes.

O diplomata de 75 anos, que está escondido desde 30 de julho, afirma ser o vencedor das eleições, que Até o momento, a autoridade eleitoral não apresentou a contagem detalhada de cada mesa, conforme exigido por lei, citando uma invasão de seus sistemas.

Pedido de asilo

González viajou para a Espanha a bordo de um avião da força aérea espanhola, explicou Albares mais tarde, dizendo que havia conversado com o ex-diplomata antes da decolagem.

"Reiterei mais uma vez o compromisso do governo espanhol com os direitos políticos, a liberdade de expressão e manifestação, e a integridade física de todos os venezuelanos", disse Albares.

No dia anterior, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, havia chamado González de “herói que a Espanha não abandonará” durante uma reunião do Partido Socialista em Madri.

Ministério Público pede prisão de Gonzáles

O sistema judiciário venezuelano, acusado de servir ao chavismo, está investigando González pela divulgação de cópias dos resultados eleitorais em um site que atribuía a ele a vitória nas eleições. A oposição, liderada por María Corina Machado, alega que um site onde foram digitalizadas folhas de contagem coletadas por testemunhas nas seções eleitorais comprova a vitória de González com mais de 60% dos votos. O governo, por sua vez, alega que o material é fraudulento e repleto de inconsistências.

González é acusado de “conspiração”, “usurpação de funções”, “instigação de rebelião” e “sabotagem”. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou que fará “declarações importantes” em uma coletiva de imprensa no domingo às 11h, de acordo com o escritório da promotoria. Os Estados Unidos, a União Europeia e vários países latino-americanos rejeitaram o resultado das eleições e pediram a verificação dos votos.

Protestos após eleições

A proclamação de Maduro, com 52% dos votos, provocou protestos em todo o país que deixaram 27 pessoas mortas, 192 feridas e 2.400 detidas, incluindo mais de cem menores de idade, embora 86 adolescentes já tenham sido libertados sob medidas de precaução.

O presidente atribui a culpa da violência à María Corina, que também está escondida, e a González, e pediu que ambos fossem presos. A saída do ex-diplomata ofuscou o impasse de sábado entre a Venezuela e o Brasil sobre a permissão concedida ao governo brasileiro para representar a embaixada argentina em Caracas, onde seis colaboradores da oposição estão detidos desde março.

Caracas revogou "imediatamente" a autorização concedida ao Brasil para representar a Argentina no país, após o rompimento das relações com Buenos Aires e vários países da região que questionaram a reeleição de Maduro.

*Com informações de Agência O Globo

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