Japão, segundo maior possuidor de bônus de Washington após China, assegurou que continua mantendo sua confiança nos Estados Unidos (Architect of the Capitol/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2011 às 08h04.
Tóquio - O Grupo dos Sete (G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo) garantiu nesta segunda-feira seu apoio aos mercados financeiros em uma tentativa de injetar calma perante os problemas de dívida na Europa e nos Estados Unidos, enquanto o Japão, segundo maior possuidor de bônus de Washington após China, assegurou que continua mantendo sua confiança nele.
Após uma teleconferência urgente antes da abertura dos mercados asiáticos, os ministros de Finanças e governadores dos bancos centrais do G7 emitiram uma declaração na qual asseguraram que tomarão "todas as medidas necessárias para respaldar a estabilidade financeira e o crescimento".
"Estamos comprometidos a realizar ações coordenadas, em caso necessário, para assegurar liquidez e para respaldar o funcionamento do mercado financeiro", indicaram os responsáveis de Finanças dos sete países mais industrializados.
Sua declaração, no entanto, não serviu para aliviar a inquietação nas praças da Ásia, onde a Bolsa de Tóquio fechou em queda de 2,17% e Seul de quase 4%, ao mesmo tempo que Hong Kong caía 3% pouco após seu abertura.
Ao se referir à crise de dívida na Europa, o G7 aplaudiu as medidas adicionais "anunciadas por Itália e Espanha para fortalecer sua disciplina fiscal e escorar a recuperação da atividade econômica e a criação de emprego".
Os responsáveis de Finanças do grupo, que se reunirão no próximo mês em Marselha (França), realizaram além disso as "ações decisivas" adotadas pelos EUA e pela zona do euro para enfrentar as tensões financeiras e convidaram a aplicar os acordos alcançados "de maneira rápida e total".
O apelo do G7 à serenidade aconteceu entre os temores por causa da persistente crise de dívida na eurozona e o rebaixamento da qualificação da dívida americana por parte da agência Standard & Poor's.
Apesar disso, o Japão, segundo maior possuidor de bônus do Tesouro dos EUA depois da China, assegurou que considera que a dívida emitida por Washington é ainda um produto financeiro "atrativo".
A terceira maior economia do mundo possuía no final de maio US$ 912 bilhões de dólares em bônus americanos do Tesouro, frente ao US$ 1,16 trilhão nas mãos da China.
Este fim de semana Pequim criticou duramente Washington pela crise e lhe pediu que corrija os "erros estruturais" de sua dívida e garanta a segurança dos ativos chineses em dólares.
Ao contrário, Tóquio indicou através de seu ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, que mantém a confiança nos bônus americanos "assumindo que os EUA tomarão medidas para restaurar suas finanças".
A situação nos EUA arrastou o dólar para perto de seu mínimo após a Segunda Guerra Mundial frente ao iene, o que na semana passada levou o Japão a intervir no mercado de divisas para frear a valorização de sua moeda.
Hoje Noda deu detalhes sobre essa operação a seus colegas do G7, alguns dos quais foram tradicionalmente reticentes a este tipo de intervenções unilaterais.
Neste sentido, os titulares de Finanças destacaram que "o excesso de volatilidade e os movimentos desordenados nas taxas de câmbio" têm "implicações adversas" para a estabilidade financeira e, sem se referir ao caso concreto do Japão, disseram que manterão "estreitas consultas" sobre as ações nos mercados de divisas.
Faltando confirmação oficial, calcula-se que a venda em massa de ienes por parte do Ministério das Finanças teria chegado na quinta-feira passada a entre 4,4 e 4,6 trilhões de ienes.
O Governo japonês deixou nesta segunda-feira entrever que está disposto a continuar intervindo no mercado para garantir a competitividade de sua moeda local, apesar dos analistas terem advertido que este tipo de operações são meros "remendos", já que no contexto atual a força do iene depende de fatores externos ao Japão.
Hoje o dólar era negociado de novo no mercado japonês na banda alta dos 77 ienes, a pouco mais de uma unidade de seu mínimo de pós-guerra de 76,25 ienes, atingido após o terremoto e tsunami de março no Japão