G-20 faz acordo sobre política monetária e reforma do FMI
Países chegaram a um acordo no sábado para deter as desvalorizações competitivas de moedas; China será o terceiro integrante mais poderoso do FMI
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2010 às 11h53.
Coreia do Sul - Os países que compõem o G-20 chegaram a um acordo no sábado para deter as desvalorizações competitivas de moedas, embora não tenham conseguido um consenso sobre uma linguagem mais firme que poderia ter estimulado o dólar.
Durante uma reunião na Coreia do Sul, a crescente influência das grandes nações emergentes foi reconhecida em um surpreendente pacto para dar-lhes maior participação no Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os esforços dos Estados Unidos para limitar os atuais desequilíbrios das contas correntes a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), uma medida que apontava diretamente ao superávit da China, encontraram resistência em várias nações.
Os membros do G-20 se comprometeram em um comunicado a "regular as desvalorizações competitivas de suas moedas", enquanto as nações em desenvolvimento prometeram reduzir seus déficits orçamentários ao longo do tempo e tomar ações para controlar os desequilíbrios das contas correntes.
"Para que o mundo possa crescer a um ritmo forte e sólido no futuro, precisamos trabalhar para conquistar um maior equilíbrio no caminho da expansão global enquanto nos recuperamos da crise", disse o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner.
As propostas dos Estados Unidos para regular os desequilíbrios das contas correntes acontecem enquanto Pequim acumulou 2,65 trilhões de dólares em reservas de moeda oficial como consequência de seu enorme superávit comercial, o que levou a Câmara dos Deputados norte-americana a aprovar uma lei que ameaça retaliações a menos que a China permita o fortalecimento de sua moeda.
Autoridades chinesas não fizeram comentários sobre a disputa, mas uma fonte do G-20 disse que Pequim era contra qualquer comunicado que comprometesse explicitamente os países a limitar seus balanços de conta corrente ou com qualquer outro regulamento sobre política monetária.
As tensões que no encontro levaram Japão e China a rebater as propostas norte-americanas continuaram até depois do fim da cúpula.
A Alemanha disse que havia críticas à política norte-americana de injetar dinheiro no sistema bancário que terminou chegando a economias emergentes como o Brasil, causando bolhas nos preços dos ativos. "Tentei deixar claro em minha contribuição a discussão que considero (o relaxamento) uma forma errada de atuar", disse o ministro alemão de Economia, Rainer Bruederle. "Um excessivo e permanente incremento no dinheiro (injeção de fundos) é, sob meu ponto de vista, uma manipulação indireta da taxa (de câmbio)", afirmou.
Contudo, a Coreia do Sul foi mais otimista sobre o resultado da reunião e disse que o G-20 estava ajudando a acabar com a incerteza dos mercados. "Isso terminará com a controvérsia pela taxa de câmbio", afirmou o ministro sul-coreano de Finanças, Yoon Jeung-hyun.
Mais participação no FMI
O acordo de reforma do FMI foi descrito como um momento "histórico" pelo diretor-gerente do fundo, Dominique Strauss-Kahn, o que levará aos europeus entregar duas vagas no conselho de direção e 6% a mais de poder de votação às nações emergentes. "Esta é a maior reforma já realizada na direção da instituição", afirmou a jornalistas Strauss-Kahn, quem está no comando do organismo de 187 países.
O acordo transformará a China no terceiro integrante mais poderoso do FMI, superando potências tradicionais como Alemanha, França e Itália. A Índia passará do 11o ao oitavo lugar. "Nossa demanda era de que a cota de participação deveria refletir a realidade e as fortalezas econômicas atuais, (caso contrário) teria danificado a credibilidade da instituição. Isso está sendo corrigido agora", disse o ministro de Finanças indiano, Pranab Mukherjee.
O G-20 decidiu há um ano entregar ao menos 5% dos direitos de votação a nações em desenvolvimento como Índia e Brasil, cujo peso dentro do FMI não estava de acordo com seu ritmo de desenvolvimento."Nossa demanda era de que a cota de participação deveria refletir a realidade e as fortalezas econômicas atuais, (caso contrário) teria danificado a credibilidade da instituição. Isso está sendo corrigido agora", disse o ministro de Finanças indiano, Pranab Mukherjee.