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Fundação Rockefeller defende mais recursos do FMI para frear variantes

Relatório pede que países mais ricos realoquem voluntariamente pelo menos US$ 100 bilhões de seus direitos de saque que não necessitam para fornecer apoio àqueles em desenvolvimento

O comitê ainda citou a necessidade de concluir a reestruturação para países como Zâmbia, Gana e Etiópia. (Yuri Gripas/Reuters)

O comitê ainda citou a necessidade de concluir a reestruturação para países como Zâmbia, Gana e Etiópia. (Yuri Gripas/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 6 de abril de 2021 às 13h21.

Um plano para acabar com a pandemia de Covid-19 acelerando a imunização poderia ser financiado por meio de uma alocação recorde de ativos pelo Fundo Monetário Internacional, segundo a Fundação Rockefeller. Segundo um relatório da instituição publicado nesta segunda-feira (5), o fundo deve aprovar e distribuir rapidamente US$ 650 bilhões em ativos de reserva adicionais para ajudar economias em desenvolvimento a vacinarem 70% da população até o fim do próximo ano.

O atraso das campanhas de vacinação aumenta a probabilidade do surgimento de novas variantes que podem causar “surtos contínuos, resultando em mais paralisações econômicas”, de acordo com o relatório de 22 páginas, cujos contribuidores incluem o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown e Jeffrey Sachs, professor de economia da Universidade Columbia, em Nova York.

Variantes resistentes às vacinas que mutam em um país subvacinado podem se espalhar rapidamente para um país que foi imunizado. Planos de vacinação atuais e o financiamento por trás deles simplesmente não são suficientes para proteger a todos.

Rajiv J. Shah, presidente da Fundação Rockefeller

O relatório detalha maneiras de alavancar uma grande emissão e realocação de direitos especiais de saque do FMI - um ativo de reserva internacional criado em 1969 - que podem ser trocados por moedas livremente utilizáveis. O relatório pede que os países mais ricos se comprometam a realocar voluntariamente pelo menos US$ 100 bilhões de seus direitos de saque que não necessitam para fornecer mais apoio ao mundo em desenvolvimento.

‘Aumento de liquidez’

Se aprovada, a nova alocação injetaria um significativo aumento direto de liquidez nos países, sem aumentar os encargos da dívida, disse no mês passado a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Uma proposta formal deve ser apresentada ao conselho do FMI em junho.

O financiamento do Banco Mundial, do FMI e de bancos regionais de desenvolvimento, que inclui capital privado mobilizado, precisa aumentar entre US$ 400 bilhões e US$ 500 bilhões por ano à medida que o mundo se recupera da pandemia para ajudar a garantir uma retomada ampla e sustentável de países emergentes e em desenvolvimento, segundo o relatório.

Se o coronavírus conseguir se propagar em países com baixas taxas de vacinação, é mais provável que dê origem a variantes que poderiam ser resistentes às vacinas, disse o relatório. Como resultado, mesmo países com altas taxas de vacinação seriam vulneráveis.

O mundo tem de 4 a 6 vezes mais probabilidade de enfrentar uma nova variante de um país subvacinado que não seja membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico do que de um país totalmente protegido da OCDE, disse o estudo.

Para cada US$ 1 gasto no fornecimento de vacinas a países mais pobres, nações de alta renda receberiam cerca de US$ 4,80, segundo pesquisa da Rand Corp. no ano passado.

Qualquer plano deve incorporar estratégias para mitigar o risco de futuras pandemias, abordando as ameaças microbianas em curso, incluindo a resistência antimicrobiana, disse em e-mail Olga Jonas, pesquisadora sênior do Instituto de Saúde Global de Harvard.

“O que é realmente necessário é um plano urgente para sistemas básicos de saúde pública veterinária e humana robustos em todos os países de baixa e média renda”, disse Jonas, que trabalhou por mais de três décadas no Banco Mundial, também como economista especializada em pandemias.

Sem esses sistemas, qualquer recuperação desaparecerá quando outro surto não for controlado e se tornar a próxima pandemia, disse. “A probabilidade de que aconteça no próximo ano ou em cinco anos não diminuiu porque já tivemos uma pandemia”, disse Jonas. “Haverá outra.”

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