França faz greve contra Macron com paralisação no serviço público
Cerca de 180 manifestações estão organizadas para hoje contra as políticas liberais defendidas pelo atual governo francês
EFE
Publicado em 22 de março de 2018 às 09h32.
Paris - A jornada de greve e manifestações convocada para esta quinta-feira na França por vários sindicatos de funcionários do governo e da companhia ferroviária estatal está causando perturbações nos transportes e em parte dos serviços públicos.
Esta é a segunda jornada de greve e mobilizações que o presidente francês, Emmanuel Macron , enfrenta e que tem seu ponto forte nas cerca de 180 manifestações organizadas por todo o país para denunciar suas políticas "liberais e de austeridade".
Devido à previsão de greve entre os controladores aéreos, a Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) pediu às companhias que reduzam hoje o seu programa de voos globalmente em 30% nos três aeroportos no entorno de Paris: Charles de Gaulle, Orly e Beauvais.
A greve dos controladores convocada pelo sindicato USAC-CGT começou às 5h e termina às 23h locais (entre 1h e 19h em Brasília) e afeta outros aeroportos franceses.
A Sociedade Nacional de Ferrovias (SNCF, na sigla em francês) teve que limitar a circulação em 40% nos trens de alta velocidade, em 25% nos de longa distância, em 50% nos regionais, em 30% nas cercanias de Paris e em 75% nos internacionais.
Segundo um dos principais sindicatos, nas escolas a greve será particularmente notada no ensino primário, pois um quarto dos professores faltará ao trabalho.
O dia de mobilização, que segundo uma pesquisa do instituto Odoxa é considerado justo para 55% dos franceses, acontece depois das manifestações do último dia 15, quando milhares de aposentados protestaram pela perda de poder aquisitivo de suas pensões.
O governo, por sua vez, já disse que não tem intenção de voltar atrás em suas reformas.
O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, se queixou, em entrevista à emissora "BFMTV" que fosse preciso chegar a este ponto: "o povo vai sofrer, vai perder dias de trabalho para defender o serviço público. E tudo por que? Porque Macron decide aplicar o roteiro da Comissão Europeia".
O secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Philippe Martínez, denunciou na emissora "France Info" que enquanto "dizem que só há um caminho para colocar o país em ordem, o que propõem os funcionários, os trabalhadores ferroviários, são soluções diferentes das do governo".
"Os funcionários defendem uma ideia do serviço público que é a originalidade do nosso país", acrescentou Martínez.