Mundo

França contra-ataca em todas as frentes após atentados

O presidente François Hollande recebeu nesta terça-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, e viajará na próxima semana a Washington e Moscou


	Atentados em Paris: os caças franceses atacaram pela segunda noite a cidade de Raqa (norte da Síria), reduto do EI
 (Pascal Rossignol / Reuters)

Atentados em Paris: os caças franceses atacaram pela segunda noite a cidade de Raqa (norte da Síria), reduto do EI (Pascal Rossignol / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 10h13.

A França realizou nesta terça-feira mais 100 operações em todo o país e bombardeou novamente um reduto sírio do Estado Islâmico (EI) em sua guerra declarada aos jihadistas após os atentados de Paris.

Uma batalha em todas as frentes, incluindo a diplomática. O presidente François Hollande recebeu nesta terça-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, e viajará na próxima semana a Washington e Moscou para debater com os colegas Barack Obama e Vladimir Putin a formação de uma coalizão contra o EI na Síria.

Na embaixada americana, iluminada com as cores da bandeira francesa, Kerry destacou a "determinação" dos dois países de "combater e derrotar juntos" os "monstros psicopatas" do EI.

A União Europeia (UE) garantiu apoio unânime ao pedido de ajuda militar da França, que advertiu que "não pode estar sozinha nos cenários de operações" contra os jihadistas.

A França participa na coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos no Iraque e na Síria.

Neste último país, os caças franceses atacaram pela segunda noite a cidade de Raqa (norte), reduto do EI, onde, segundo as autoridades, destruíram um centro de comando e um campo de treinamento.

As operações devem ser intensificadas com a chegada à região do porta-aviões francês "Charles de Gaulle", que zarpará na quinta-feira para a Síria e Líbano com 26 caças a bordo, o que triplicará a capacidade de ação.

Cúmplices na Bélgica e na França?

Na França, as forças de segurança prosseguem com as operações, que chegaram a 128 nas últimas horas, dentro do estado de emergência decretado após os atentados, anunciou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Na noite anterior foram 168 ações.

A investigação sobre os atentados que deixaram pelo menos 129 mortos e 350 feridos na sexta-feira à noite na casa de espetáculos Bataclan, nos arredores do Stade de France e em vários bares e restaurantes em Paris conseguiu identificar cinco dos sete homens-bomba.

Mas a busca do possível oitavo autor dos atentados, Salah Abdeslam, continua, assim como a identificação dos restos mortais de outros dois terroristas suicidas.

Abdeslam passou por um posto de controle em 9 de setembro na Áustria, anunciou o ministério do Interior de Viena.

A identidade do francês foi verificada em um controle de rotina em Haute-Autriche, pouco depois dele atravessar a fronteira com a Alemanha de carro, ao lado de outros dois homens, segundo o ministério.

"Ainda não sabemos se há cúmplices do massacre na França ou na Bélgica", afirmou o primeiro-ministro francês Manuel Valls, antes de reconhecer que as autoridades não têm certeza sobre o número de pessoas envolvidas.

Os atentados foram "decididos e planejados na Síria, preparados e organizados na Bélgica e executados na França, com cúmplices franceses", afirmou Hollande na véspera.

Os homens-bomba identificados até o momento são franceses, mas o quinto tinha um passaporte sírio, que ainda precisa ter a autenticidade comprovada. O documento, em nome de Ahmad al-Mohammad, foi registrado na Grécia em posse de um migrante, cujas impressões digitais seriam compatíveis com as do terrorista, segundo algumas fontes da promotoria de Paris.

Mas uma fonte próxima à investigação disse que o nome no passaporte sírio encontrado ao lado de um dos homens-bomba também pode ser o de um soldado sírio morto há vários meses.

O passaporte em nome Ahmad al-Mohammad, nascido em 10 de setembro de 1990 em Idleb (noroeste da Síria), corresponderia ao de um soldado das tropas leais ao presidente sírio Bashar al-Assad, segundo a fonte, que cita duas hipótese: o documento foi recuperado ou se trata de um passaporte fabricado a partir de uma identidade verdadeira.

O documento foi apresentado por um imigrante na ilha grega de Leros em 3 de outubro.

A polícia também investiga um jihadista belga que viveria na Síria, Abdelhamid Abaaoud, e não descarta que ele tenha sido o "inspirador" dos atentados. Abaaoud, de 28 anos, apareceu em vários vídeos de propaganda do EI, incluindo um no qual arrasta cadáveres com um jipe.

Na segunda-feira, a Bélgica elevou a 3 o nível de alerta terrorista no país, o que implica uma ameaça possível e provável de atentados. Em consequência, o amistoso que seria disputado nesta terça-feira em Bruxelas entre Espanha e Bélgica foi cancelado.

O ministro francês dos Esportes, Patrick Kanner, descartou nesta terça-feira a possibilidade do país abrir mão de organizar a Eurocopa-2016 após os ataques, durante uma visita ao Stade de France.

A ameaça à segurança levou Hollande a solicitar ao Parlamento a prorrogação do estado de emergência por três meses e a anunciar a criação de 5.000 postos adicionais na polícia e nas forças de segurança, 2.500 na justiça e 1.000 na Alfândega.

Também prometeu uma reforma constitucional para "poder atuar contra o terrorismo de guerra" e administrar a crise.

Entre os projetos estão a retirada da nacionalidade de pessoas nascidas na França em caso de terrorismo e a imposição de um "visto de retorno" aos cidadãos "potencialmente envolvidos" com redes jihadistas que voltam da Síria e do Iraque.

Entre outras propostas o governo francês sugere instalar detectores de metais em todas as estações ferroviárias do país, do mesmo tipo que existem nos aeroportos.

As medidas impedirão que a França, advertiu Valls, cumpra os critérios fiscais exigidos pela UE, que limitam o déficit ao máximo de 3% do PIB.

Acompanhe tudo sobre:Ataques terroristasAtentados em ParisEstado IslâmicoEuropaFrançaFrançois HollandePaíses ricosPolíticosTerrorismo

Mais de Mundo

Trump completa escolha para altos cargos de seu gabinete com secretária de Agricultura

Zelensky pede mais sistemas de defesa antiaérea após semana de fortes bombardeios

Após G20, Brasil assume Brics em novo contexto global

Guerra na Ucrânia chega aos mil dias à espera de Trump e sob ameaça nuclear de Putin