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Forças do CNT recuam em Sirte sob fogo cruzado de leais a Kadafi

Antes do revés, os rebeldes haviam anunciado que os adversários estavam cercados em dois setores da cidade

Após quatro semanas de bombardeios e de intensos combates urbanos, a cidade de Sirte está em ruínas
 (Ahmad al-Rubaye/AFP)

Após quatro semanas de bombardeios e de intensos combates urbanos, a cidade de Sirte está em ruínas (Ahmad al-Rubaye/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2011 às 14h21.

Sirte - As forças do novo regime líbio, que afirmaram ter cercado os últimos fiéis a Muammar Kadafi em dois bairros de Sirte, precisaram ceder dois quilômetros sob fogo cerrado, segundo um jornalista da AFP no local.

O Conselho Nacional de Transição (CNT), que dirigiu a rebelião que derrubou o regime de Kadafi, espera a queda de Sirte, 360 km a leste de Trípoli, para proclamar a "libertação total" do país e reiniciar as negociações para formar um governo que organize a transição.

"Precisamos nos retirar em direção ao quartel-general da polícia (perto da praça central da cidade" e vamos utilizar a artilharia pesada para atacar as forças de Kadafi, declarou Hamiz Neji, um combatente do CNT.

Antes deste revés, os comandantes do CNT anunciaram que seus adversários estavam cercados em dois setores a oeste da cidade, no "Bairro Dollar", na parte alta a oeste da cidade, e no "Bairro Nº 2", à beira do Mediterrâneo a noroeste.

"Pensamos que ainda precisaremos de três dias para capturá-los", explicou Yahya al Moghasabi, um dos comandantes do CNT, informando que seus combatentes tentavam evitar a utilização da artilharia pesada para não atingir os civis que ainda estavam presos no local.

Na quarta-feira, os combatentes pró-CNT anunciaram que controlavam os bairros "Dollar" e o "Nº 2", e que os confrontos se concentravam ao redor de uma escola onde os partidários de Kadafi se esconderam, e no "Bairro Nº 1", a oeste do "Nº 2".

Após quatro semanas de bombardeios e intensos combates urbanos, a cidade de Sirte se encontrava em ruínas. As ruas estavam cheias de veículos carbonizados e sem nenhum edifício intacto, constatou a AFP.

Em uma semana, os combates na região deixaram quase cem mortos e uma centena de feridos entre os combatentes pró-CNT, segundo fontes médicas.

Além de Sirte, as forças do CNT seguiam atacando o oásis de Bani Walid, outro reduto pró-Kadafi 170 km a sudoeste de Trípoli, que esperavam controlar após a queda de Sirte.


Um combatente de uma das brigadas que atua nesta frente anunciou que precisaram se afastar na quarta-feira cerca de trinta quilômetros devido a discordâncias com outras brigadas.

O chefe do comitê local do CNT de Bani Walid, Al-Haj Emburk Al Fatnani, desmentiu qualquer conflito interno e explicou que os combates foram suspensos para preparar a próxima ofensiva.

Cerca de 1.500 combatentes pró-Kadafi estariam ainda em Bani Walid, de acordo com este comandante, assim como cerca de 5% dos moradores.

Na noite de quarta-feira, diversas manifestações de alegria em Trípoli e Misrata celebraram a captura de um dos filhos de Muamar Kadafi, informação desmentida nesta quinta-feira.

Após confirmar a prisão na quarta-feira à noite, Abdelkarim Bizama, conselheiro do chefe do CNT, Mustafá Abdul Jalil, a desmentiu.

"Não é verdade que Muatassim tenha sido capturado", afirmou o comandante Wissam ben Ahmed, um dos chefes das operações do CNT na frente leste de Sirte, 360 km a leste de Trípoli.

"Há alguns prisioneiros que capturamos que dizem que (Muamar) Kadafi encontra-se em Sirte", acrescentou. O ex-líder está foragido desde a queda de seu quartel-general em Trípoli no dia 23 de agosto, depois de 42 anos no poder.

Nesta quinta-feira de manhã, combatentes pró-CNT informaram sobre a captura na véspera em Sirte do mufti da Líbia Khaled Tantuch, a mais alta autoridade religiosa sob o regime de Kadafi, a quem apoiou durante toda a revolta.

Em um informe publicado nesta quinta-feira, a organização Anistia Internacional (AI) convocou as novas autoridades a parar rapidamente com as detenções arbitrárias e com os maus-tratos dos prisioneiros, ressaltando que esta lembrança do regime deposto ofusca sua imagem.

* Matéria atualizada às 14h21

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