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FNPI, outro legado de Gabriel García Márquez

O gênio das letras, preocupado com o estímulo à vocação jornalística, à ética e à correta descrição de fatos, criou a Fundação de Novo Jornalismo Ibero-Americano em 1994

'É um jornalista afiado, um contador de histórias, um brincalhão, um homem de família, grande amigo de seus amigos, um homem de muita ternura' disse Jaime Abelló (Wikimedia Commons)

'É um jornalista afiado, um contador de histórias, um brincalhão, um homem de família, grande amigo de seus amigos, um homem de muita ternura' disse Jaime Abelló (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2014 às 20h32.

Cartagena - Além da literatura, que em 1982 garantiu o Prêmio Nobel a 'Gabo', como é chamado de forma carinhosa Gabriel García Márquez, o outro grande legado do escritor que na terça-feira completou 85 anos é a Fundação de Novo Jornalismo Ibero-Americano (FNPI, na sigla em espanhol).

O gênio das letras, preocupado com o estímulo à vocação jornalística, à ética e à correta descrição de fatos, criou a fundação em 1994 em Cartagena das Índias, a cidade do Caribe colombiano onde fica sua segunda residência e onde viveu grandes momentos com amigos e personalidades das artes.

Embora o planejamento inicial tenha ficado a cargo do falecido jornalista e escritor argentino Tomás Eloy Martínez, desde a criação da fundação foi o colombiano Jaime Abelló que dirigiu a prestigiada instituição, cujo objetivo fundamental é contribuir para criar 'uma nova geração de jornalistas ibero-americanos'.

Assim explicou Abelló em entrevista à Agência Efe, ao detalhar que trabalha lado a lado com Jaime García Márquez, irmão do escritor e que exerce o cargo de diretor de Relações Institucionais.

A FNPI trabalha sobre três grandes eixos: 'a ética, a descrição dos fatos e a investigação', agora também no meio digital, explicou Abelló, após afirmar que são 'facilitadores, promotores do jornalismo como vocação, como paixão'.

O que interessa à fundação, acrescentou, é 'promover no sentido de formar, dar visibilidade e estimular novos jornalistas, novos narradores'.

'Estamos atualizando o debate ético não só no plano individual do jornalista, mas falando do desafio da sustentabilidade das empresas jornalísticas e da responsabilidade social delas', relatou.


Por essa razão, um dos fortes da FNPI é a formação 'no jornalismo investigativo, com base em temas cruciais para a América Latina', disse. 'Estamos contribuindo para estimular e promover uma nova geração de jornalistas latino-americanos', reiterou o diretor da fundação de Gabo.

Abelló também comunicou que, por ocasião do 85º aniversário de García Márquez, a fundação abriu um perfil no Facebook para que as pessoas expressem seus sentimentos pelo Nobel.

'Foi uma iniciativa de nossa equipe para nos unir à celebração dos 85 anos criando um espaço no qual os jornalistas e admiradores de Gabo pudessem deixar seus comentários', afirmou Abelló.

Nesse sentido, expressou sua surpresa pela reação do público: 'Me pareceu incrível como não apenas nós, mas muita gente começou a escrever suas palavras e isso me mostra um impacto, uma influência, uma pedagogia'.

Jaime Abelló é provavelmente uma das pessoas que conhece melhor o gênio da literatura, já que trabalha com ele há 20 anos e por isso suas palavras são essenciais para saber mais sobre o escritor.

'García Márquez sempre me pareceu um ser clarividente, uma pessoa dotada de muitas coisas maravilhosas, de um grande senso de humor, de uma enorme lucidez, de grande criatividade, de grande de respeito ao outro', afirmou.

'É um jornalista afiado, um contador de histórias, um brincalhão, um homem de família, grande amigo de seus amigos, um homem de muita ternura', prosseguiu.

Uma bateria de elogios que são observadas em um legado literário sem comparação, marcado pelo que se batizou como 'realismo fantástico', que não é outra coisa senão 'a brecha que separa o racionalismo ocidental das realidades culturais mestiças, populares, camponesas, próprias da cultura do Caribe', indicou Abelló.

'No realismo fantástico tudo é possível, no realismo fantástico não se julga, nem se condena, nem se qualifica, simplesmente acontecem coisas estranhas, mas acontecem', insistiu o diretor da FNPI, concluindo que Gabo vive sua velhice ao lado de sua família, garantindo seu bem-estar. 

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