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Fim de trégua das Farc pressiona processo de paz na Colômbia

Ao pôr fim no dia 20 de janeiro uma trégua unilateral que as Farc haviam oferecido como gesto de boa vontade, guerrilha retomou seus ataques principalmente no sul do país


	O presidente colombiano, Juan Manuel Santos: nesta quinta, cinco guerrilheiros das Farc morreram ao enfrentar um contingente militar da força-tarefa conjunta
 (Cesar Carrion/AFP)

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos: nesta quinta, cinco guerrilheiros das Farc morreram ao enfrentar um contingente militar da força-tarefa conjunta (Cesar Carrion/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 20h51.

Bogotá - Ataques a oleodutos, policiais sequestrados e soldados mortos em combate foram os recentes acontecimentos nos dias que se seguiram ao fim da trégua unilateral das Farc, e pressionam a mesa de diálogo entre a guerrilha e o governo do presidente Juan Manuel Santos, em Havana.

Ao pôr fim no dia 20 de janeiro uma trégua unilateral que as Farc haviam oferecido como gesto de boa vontade, a guerrilha retomou seus ataques principalmente no sul da Colômbia, onde tem maior presença.

Em pouco mais de uma semana, as Farc atacaram o oleoduto Transandino, que transporta petróleo bruto a partir o Equador, sequestraram dois policiais e, nesta mesma quinta-feira, dia em que são retomados os diálogos em Havana, mataram quatro soldados em combate, segundo um registro das autoridades.

Ainda nesta quinta, cinco guerrilheiros das Farc morreram ao enfrentar um contingente militar da força-tarefa conjunta em Nudo Paramillo, uma região do noroeste de Antioquia.

Iván Márquez, chefe da delegação guerrilheira em Cuba e número dois das Farc, confirmou o retorno às ações armadas enquanto insistiu em pedir um cessar-fogo bilateral, opção rejeitada reiteradamente pelo governo do presidente Juan Manuel Santos, que busca manter a pressão militar para obter um acordo de término do conflito de quase meio século na Colômbia.


Márquez também questionou se foi de fato a guerrilha a responsável pelo sequestro dos policiais. "Não temos até agora nenhum relatório oficial em torno do ocorrido, se são ou não são as Farc", disse nesta quinta.

Diante da intensificação dos confrontos, Santos se mostrou prudente e afirmou que o processo segue um "bom caminho".

"Eles (a guerrilha) não têm capacidade militar para fazer nada diferente dos atos terroristas ou de privar os colombianos da liberdade, sejam civis ou militares", afirmou o dirigente.

O governo decidiu manter a mesa de diálogo, mas adotou um tom firme frente à nova rodada de conversações desta quinta na capital cubana.

"Se não querem terminar com o conflito, que não nos façam perder tempo", ressaltou o delegado governamental Humberto de la Calle, de Bogotá.


As Farc renunciaram à prática do sequestro de civis em fevereiro de 2012 e libertaram os últimos dez policiais e militares que mantinham em seu poder. Esta era uma exigência que Santos havia feito publicamente ao considerar a possibilidade de um processo de paz.

No entanto, em um comunicado, as Farc destacaram que se reservam à opção de tomar como prisioneiros policiais e militares que se renderem em combate.

Sobre essa questão, Ariel Avila, especialista da Corporação Novo Arco-íris, que estuda o conflito colombiano, salientou à AFP que se trata de "um jogo de palavras. Para a população colombiana, (as capturas dos policiais) são sequestros".

O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, tido como linha dura do governo, classificou a captura dos agentes como um crime de lesa humanidade.

Mas, segundo Avila, o sequestro dos dois agentes ou o recrudescimento do conflito não levará por enquanto a uma ruptura do processo de paz.


"Não vai haver uma quebra nos diálogos de paz. A partir do momento em que o governo não quer uma trégua bilateral, sabe que tem que assumir o custo", assegurou o analista.

Avila afirmou ainda que não há "uma ofensiva brutal, e sim o retorno aos padrões normais da guerrilha".

Em troca, o ex-presidente César Gaviria advertiu para os riscos de um fracasso do processo de paz.

As Farc podem "cometer atos tão loucos e tão danosos que simplesmente afundam o processo", alertou o ex-mandatário.

No entanto, Enrique Santos, irmão do presidente e promotor da primeira fase de aproximações com as Farc, considerou que o ritmo dos diálogos "tem que fluir mais, deve avançar" porque "o país pode perder a paciência e o governo também".

As Farc, com 48 anos de luta armada, contam atualmente com cerca de 8.000 combatentes.

A agenda de diálogos em Havana inclui o desenvolvimento rural, as drogas ilícitas, o abandono das armas, a participação política e a reparação às vítimas.

Este é o quarto esforço de paz realizado pelas Farc desde os anos 80.

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