Fatah palestino convoca protestos contra visita de vice americano
Pence, que viajará ao Egito e Israel, anulou sua visita aos territórios palestinos depois da negativa de Abbas de recebê-lo
AFP
Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 15h22.
O Fatah, o movimento do presidente palestino Mahmud Abbas, convocou neste sábado um manifestação para a próxima quarta-feira, em Jerusalém, contra a visita do vice-presidente americano Mike Pence, para protestar contra a decisão do presidente americano Donald Trump de reconhecer a cidade como capital de Israel.
"Convocamos a maniestação para quarta-feira nas entradas de Jerusalém e da Cidade Velha contra a visita do vice-presidente americano e a decisão do presidente Donald Trump", indica o grupo, que domina a Autoridade Palestina de Abbas, em um comunicado.
Pence, que viajará ao Egito e Israel, anulou sua visita aos territórios palestinos depois da negativa de Abbas de recebê-lo, em sinal de protesto contra a decisão de Trump.
Neste sábado, milhares de palestinos participaram dos funerais de dois dos quatro palestinos mortos na sexta-feira pelos soldados israelenses na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.
A sexta-feira foi marcada por violentos protestos contra a decisão do presidente americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Em uma tentativa evidente de reduzir a tensão, altos funcionários da Casa Branca afirmaram que Washington quer renovar seus esforços para relançar o processo de paz entre israelenses e palestinos.
Segundo as fontes, este relançamento diplomático se dará a partir da próxima semana. Os americanos baseiam suas esperanças na visita de Pence, que é esperado na quarta-feira em Jerusalém.
"Esta viagem é de uma forma o fim deste capítulo e o começo de um novo. Seguimos nos concentrando no processo de paz e em como podemos conduzir esta situação para uma solução", explicou um dos encarregados, pedindo para ter sua identidade preservada.
Pence deve ser acompanhado de Jason Greenblatt, emissário de Trump para o Oriente Médio.
Mas, em um sintoma das feridas provocadas pelo anúncio de Trump em 6 de dezembro sobre Jerusalém, o presidente palestino Mahmud Abbas declinou o encontro.
Abbas acusou Trump de ter "oferecido Jerusalém como presente para o movimento sionista" e avaliou que os Estados Unidos não têm mais nenhum papel a desempenhar no processo de paz.
"Entendemos que os palestinos precisam de um prazo para reflexão, não é um problema", reagiu outro alto funcionário americano.
"Estaremos prontos quando os palestinos estiverem prontos" para falar, insistiu.
A situação no terreno é, no entanto, delicada: quatro palestinos morreram e centenas de outros ficaram feridos nesta sexta-feira em confrontos com forças israelenses.
Embora a decisão dos Estados Unidos não tenha provocado a onda de violência que era temida, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada ao fim da oração muçulmana semanal.
Uma parte dos manifestantes entrou em confronto com soldados e policiais israelenses, que responderam às pedradas de jovens palestinos com disparos de munição letal, balas de borracha, ou bombas de gás lacrimogêneo, em Ramallah, Belém, Hebron, Qalandiya e perto de Nablus, na Cisjordânia.
Na Faixa de Gaza, centenas de palestinos desafiaram as forças israelenses aos pés da barreira de cimento e metal que fecha a fronteira.
Os soldados israelenses mataram a tiros dois deles, Yaser Sokar, de 32 anos, e Ibrahim Abu Thuraya, de 29 anos.
Em Anata, uma localidade entre Cisjordânia e Jerusalém, um terceiro manifestante palestino, Basel I, de 24 anos, morreu por fogo israelense.
Na saída de Ramallah, Mohamed Aqal, de 29 anos, morreu ao levar três tiros de policiais israelenses, os quais havia atacado. Ele estava equipado com o que parecia ser um cinturão de explosivos e morreu em decorrência dos ferimentos horas depois no hospital.
O Exército assegurou que cerca de 2.500 pessoas participaram de "distúrbios" na Cisjordânia, e em torno de 3.500 o fizeram em Gaza.
Segundo uma análise realizada pelo respeitado Centro Palestino de Pesquisa Política, 45% dos palestinos defendem um alçamento popular para resolver o velho conflito de Israel.
Há três meses, 35% advogavam pela resistência armada e, na opinião do diretor do instituto, Khalil Shikaki, a "única explicação possível" para este aumento é a decisão de Trump.