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Farc põem em dúvida desejo de paz do governo colombiano

"Achávamos que Santos era sincero ao manifestar que sonhava em entrar para a história como o presidente que conseguiu a paz", declarou o grupo de guerrilheiros


	Farc: em novembro de 2012 teve início um diálogo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o governo chefiado por Santos.
 (Luis Acosta/AFP)

Farc: em novembro de 2012 teve início um diálogo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o governo chefiado por Santos. (Luis Acosta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2013 às 14h58.

Havana - As Farc criticaram nesta sexta-feira a entrega das terras ocupadas pela guerrilha a camponeses, realizada nesta semana pelo governo da Colômbia e puseram em dúvida que o presidente Juan Manuel Santos queira estabelecer a paz no país.

"Achávamos que Santos era sincero ao manifestar que sonhava em entrar para a história como o presidente que conseguiu a paz (...) Por isso, seu comportamento e suas palavras em San Vicente del Caguán nos deixaram perplexos", declarou o grupo de guerrilheiros.

A mensagem assinada por "Timochenko", líder das Farc, foi lida em Havana, cidade onde, em novembro de 2012, teve início um diálogo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o governo chefiado por Santos.

O comunicado tinha como principal tema a entrega de 130 mil hectares de terra a camponeses por parte do governo no último dia 20. Esse território, na cidade de San Vicente del Caguán, teria sido tomado, de maneira ilegal, pelo ex-líder militar das Farc "Mono Jojoy", que morreu em 2010.

"É assim que se cria um ambiente propício para o processo de paz e para os diálogos? É assim que o governo nacional se dispõe a uma reconciliação, Santos?", questionou a declaração, lida pelo guerrilheiro Jesus Emilio Carvajalino, mais conhecido como "Andrés Paris", durante uma coletiva de imprensa.

As Farc lamentaram que enquanto a mesa de negociação para a paz em Cuba conduziu a "importantes avanços", as "atitudes oficiais", como a tomada por Santos neste episódio, "ameaçam afundar em um pântano" todo o processo.

A guerrilha também propôs criar uma comissão "de alto nível" com membros das Farc, do governo e de organizações sociais para que se encarregue de "verificar a situação real dos prédios que foram supostamente ocupados de forma ilegal" pela insurgência e de convocar todas as possíveis vítimas para que tenham seus casos resolvidos.


"Mas que sejam convocadas também as vítimas do Estado, os expatriados pelo exército e os grupos paramilitares. E que se esclareça cada situação para que todos possam responder por seus atos", acrescentaram.

Segundo a guerrilha, a recuperação e a entrega de terras por parte do governo fará com que os camponeses se endividem com os bancos e tenham que se associar aos grandes capitais para conseguirem se estabelecer no mercado.

"Tal ação tem como objetivo favorecer os grandes banqueiros e os consórcios, pois são os interesses destes que o governo representa. Não digamos mentiras, Santos", disseram as Farc em sua nota.

A guerrilha divulgou essa declaração após chegar ao Palácio de Convenções de Havana, onde continuam as conversas iniciadas em novembro com os negociadores do governo para tentar por fim ao conflito colombiano.

No dia da entrega das terras aos camponeses, as Farc compararam o governo de Santos a Pinóquio.

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