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Farc concluem oficialmente desarmamento na Colômbia

Agora, os rebeldes iniciam uma nova fase, como civis em zonas que foram de guerra, enquanto se preparam para o lançamento de seu partido de esquerda

Farc: durante oito meses, cerca de 7.000 homens, mulheres e crianças foram deixando o armamento nas mãos da ONU (Mario Tama/Getty Images)
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AFP

Publicado em 15 de agosto de 2017 às 10h35.

As armas ficaram para trás. Depois de combaterem o Estado colombiano por décadas, os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciam uma nova fase, como civis em zonas que foram de guerra, enquanto se preparam para o lançamento de seu partido de esquerda.

Esta terça-feira (15) marca oficialmente a conclusão do desarmamento da guerrilha comunista mais poderosa do continente.

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Os últimos caminhões com os fuzis entregues à ONU deverão sair das 26 zonas onde as tropas se concentraram desde o início do ano, segundo cronograma acertado com o governo.

"As Farc como organização armada deixaram de existir", proclamou ontem o ministro do Interior, Guillermo Rivera, em uma entrevista.

Durante oito meses, cerca de 7.000 homens, mulheres e crianças foram deixando o armamento nas mãos da ONU. A missão internacional tem até 1º de setembro para localizar os últimos esconderijos com material de guerra.

O grupo, que fracassou em sua tentativa de tomar o poder durante meio século de luta, inicia uma nova etapa, depois de selar a paz em novembro passado. Em meio século de atividade, o balanço de vítimas da guerrilha é de cerca de 7,5 milhões pessoas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.

Vida civil

De agora em diante, os rebeldes se tornarão civis que, em princípio, viverão nas 26 zonas de desarmamento, ou nos chamados "espaços territoriais de capacitação e reincorporação".

"Nossa aposta é que a imensa maioria de ex-combatentes, partindo da geração de projetos coletivos econômico, permaneçam nessas zonas e, inclusive, vivam com suas famílias nessas zonas", afirmou o líder das até então Farc, Carlos Antonio Lozada.

Além de cerca de 450 dissidentes das Farc, restam ativos o Exército de Libertação Nacional (ELN) - uma guerrilha menor, com quem o governo tenta selar a paz - e bandos de origem paramilitar hoje dedicados ao tráfico de drogas.

Novos riscos

Também está previsto nesta terça que as Farc terminem de entregar o inventário dos bens para que as vítimas sejam indenizadas. As crianças combatentes ainda sob proteção dos guerrilheiros também serão entregues. Até o momento, o Estado recebeu 88 menores.

"Já se pode considerar que as Farc desaparecem como grupo guerrilheiro e passam a ser cidadãos normais", disse à AFP o especialista Ariel Ávila, diretor da Fundação Paz e Reconciliação, que supervisiona o acordo de paz.

A nova etapa enfrenta vários desafios, porém, que vão da segurança física dos ex-combatentes até o lento processo de anistia para centenas de presos, passando pela readaptação social.

De qualquer modo, a partir de 1º de setembro, as Farc se converterão em partido político, já podendo disputar as eleições de 2018.

O acordo de paz garante a eles dez vagas no Congresso bicameral de 268 legisladores durante oito anos.

A oposição de direita prepara suas baterias contra o acordo de paz, alegando que o texto é muito indulgente em relação aos guerrilheiros. Promete revisá-lo, se chegar ao poder, apesar do apoio internacional aos compromissos alcançados durante quatro anos de negociações.

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