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Farc comemoram 49 anos um dia após anúncio de acordo agrário

Analistas avaliam como positivo o andamento das negociações pelo fim do conflito

Guerrilheiros das Farc são vistos em Caquetá, na Colômbia: mais de 80% da população apoiam as negociações (©AFP / Luis Acosta)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2013 às 08h46.

Bogotá - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) comemoram hoje (27) 49 anos de existência. Um dia depois do anúncio de um acordo sobre o tema agrário entre o governo e a guerrilha, analistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam como positivo o andamento das negociações pelo fim do conflito.

O clima de otimismo aparece na aprovação popular ao processo - mais de 80% da população apoiam as negociações. Além disso, especialistas apontam mudanças importantes na postura do governo e da guerrilha que podem conduzir ao desfecho positivo do diálogo.

“Ainda que existam vozes contrárias, vemos elementos que indicam a possibilidade de sucesso do processo e o maior apoio da sociedade, em comparação às tentativas de paz anteriores”, disse Victor de Currea-Lugo, professor de ciência política da Pontifícia Universidade Javeriana da Colômbia e especialista em conflitos armados.

Ele enumera os pontos favoráveis do diálogo atual, comparando o processo com a negociação realizada durante o governo de Andrés Pastrana (1998-2002). À época, as Farc e o governo negociaram na conhecida Zona de Distensão de San Vicente de Caguán, cidade do departamento de Caquetá, no Sudeste colombiano.

A região foi desmilitarizada durante a tentativa de negociação. As conversas fracassaram e deram início a uma fase que intensificou o ataque militar do governo sobre a guerrilha, no governo de Álvaro Uribe (2002-2010).

“Em Caguán, vimos uma tentativa que ocorreu enquanto o governo investia em armamento e equipava o Exército. Na época, os dois lados (conflito e governo) pareciam não estar tão dispostos a abandonar as armas e chegaram à mesa com menos disposição de ceder do que agora”, avaliou.

Com relação à guerrilha, o professor também observa uma mudança de comportamento. Segundo ele, agora as Farc já não falam em construir um governo socialista. “As Farc conseguiram chegar a exigências mínimas e deixaram o discurso radical, que a marcou nesses quase 50 anos de atuação”, acrescentou Lugo.


Após o anúncio do acordo parcial sobre o tema agrário, as rádios e emissoras de televisão colombianas dedicaram parte da programação a analisar o comunicado divulgado pelo governo e pelas Farc. Nas redes sociais também houve manifestações de apoio e críticas ao processo.

A maioria dos comentários no Twitter, na tarde de ontem (26), após o anúncio dos negociadores, foi de apoio. “Tomara que eles cumpram tudo o que foi dito nesse discurso” escreveu uma usuária da rede social. Outro, menos otimista, disse: “Acho difícil isso funcionar, mas mesmo assim estamos torcendo pela paz”.

Entre os críticos está o analista político Alfredo Rangel, da Universidade Sérgio Arboleda. Ele postou em sua conta no microblog: "Histórico acordo agrário: uma lista de enunciados sem conteúdo para enganar a plateia". Rangel é um dos analistas mais respeitados entre os críticos do processo de paz, como o ex-presidente Álvaro Uribe.

O procurador-geral da Nação, Alejandro Ordóñez, também tem criticado a condução do processo. Ele acredita que as negociações poderão favorecer a impunidade e disse que está atento às negociações. No último sábado (25), Ordóñez disse que irá à Corte Interamericana de Direitos Humanos, caso a Corte Constitucional do país não declare inexequíveis algumas partes do Marco Jurídico para a Paz, aprovado no ano passado.

Apesar das críticas, que se intensificam com a proximidade do período eleitoral – as eleições presidenciais estão previstas para maio de 2014 -, o sentimento é de que as negociações avançaram e que há chance para que o processo seja concluído.

O presidente da Fundação Cultura Democrática, professor Álvaro Villarraga, comentou à Agência Brasil que o anúncio do acordo parcial é uma “boa notícia”. Ele disse que ainda que não seja possível saber com exatidão o que o acordo definiu, pelo resumo divulgado nos comunicados das Farc e do governo é possível avaliar a dimensão do que está sendo feito.

“Acredito que há vontade política para solucionar a questão agrária – cerne deste conflito que vivemos. Isto está claro nos discursos e nas reformas jurídicas que estão sendo preparadas, como a Lei de Vítimas e de Terras”, comentou.

Ontem (26), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também comentou o processo, mantendo o tom otimista e cauteloso. “Celebramos este passo fundamental em Havana, em direção a um pleno acordo para pôr fim a meio século de conflito. Continuaremos com o processo com prudência e responsabilidade”, escreveu em sua conta no Twitter.

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O clima de otimismo aparece na aprovação popular ao processo - mais de 80% da população apoiam as negociações. Além disso, especialistas apontam mudanças importantes na postura do governo e da guerrilha que podem conduzir ao desfecho positivo do diálogo.

“Ainda que existam vozes contrárias, vemos elementos que indicam a possibilidade de sucesso do processo e o maior apoio da sociedade, em comparação às tentativas de paz anteriores”, disse Victor de Currea-Lugo, professor de ciência política da Pontifícia Universidade Javeriana da Colômbia e especialista em conflitos armados.

Ele enumera os pontos favoráveis do diálogo atual, comparando o processo com a negociação realizada durante o governo de Andrés Pastrana (1998-2002). À época, as Farc e o governo negociaram na conhecida Zona de Distensão de San Vicente de Caguán, cidade do departamento de Caquetá, no Sudeste colombiano.

A região foi desmilitarizada durante a tentativa de negociação. As conversas fracassaram e deram início a uma fase que intensificou o ataque militar do governo sobre a guerrilha, no governo de Álvaro Uribe (2002-2010).

“Em Caguán, vimos uma tentativa que ocorreu enquanto o governo investia em armamento e equipava o Exército. Na época, os dois lados (conflito e governo) pareciam não estar tão dispostos a abandonar as armas e chegaram à mesa com menos disposição de ceder do que agora”, avaliou.

Com relação à guerrilha, o professor também observa uma mudança de comportamento. Segundo ele, agora as Farc já não falam em construir um governo socialista. “As Farc conseguiram chegar a exigências mínimas e deixaram o discurso radical, que a marcou nesses quase 50 anos de atuação”, acrescentou Lugo.


Após o anúncio do acordo parcial sobre o tema agrário, as rádios e emissoras de televisão colombianas dedicaram parte da programação a analisar o comunicado divulgado pelo governo e pelas Farc. Nas redes sociais também houve manifestações de apoio e críticas ao processo.

A maioria dos comentários no Twitter, na tarde de ontem (26), após o anúncio dos negociadores, foi de apoio. “Tomara que eles cumpram tudo o que foi dito nesse discurso” escreveu uma usuária da rede social. Outro, menos otimista, disse: “Acho difícil isso funcionar, mas mesmo assim estamos torcendo pela paz”.

Entre os críticos está o analista político Alfredo Rangel, da Universidade Sérgio Arboleda. Ele postou em sua conta no microblog: "Histórico acordo agrário: uma lista de enunciados sem conteúdo para enganar a plateia". Rangel é um dos analistas mais respeitados entre os críticos do processo de paz, como o ex-presidente Álvaro Uribe.

O procurador-geral da Nação, Alejandro Ordóñez, também tem criticado a condução do processo. Ele acredita que as negociações poderão favorecer a impunidade e disse que está atento às negociações. No último sábado (25), Ordóñez disse que irá à Corte Interamericana de Direitos Humanos, caso a Corte Constitucional do país não declare inexequíveis algumas partes do Marco Jurídico para a Paz, aprovado no ano passado.

Apesar das críticas, que se intensificam com a proximidade do período eleitoral – as eleições presidenciais estão previstas para maio de 2014 -, o sentimento é de que as negociações avançaram e que há chance para que o processo seja concluído.

O presidente da Fundação Cultura Democrática, professor Álvaro Villarraga, comentou à Agência Brasil que o anúncio do acordo parcial é uma “boa notícia”. Ele disse que ainda que não seja possível saber com exatidão o que o acordo definiu, pelo resumo divulgado nos comunicados das Farc e do governo é possível avaliar a dimensão do que está sendo feito.

“Acredito que há vontade política para solucionar a questão agrária – cerne deste conflito que vivemos. Isto está claro nos discursos e nas reformas jurídicas que estão sendo preparadas, como a Lei de Vítimas e de Terras”, comentou.

Ontem (26), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também comentou o processo, mantendo o tom otimista e cauteloso. “Celebramos este passo fundamental em Havana, em direção a um pleno acordo para pôr fim a meio século de conflito. Continuaremos com o processo com prudência e responsabilidade”, escreveu em sua conta no Twitter.

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