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FAO alerta contra limites às exportações de alimentos

Órgão da ONU critica a medida e teme que aumento dos preços crie problemas em países mais pobres

Plantação de trigo:grão atingiu o preço futuro recorde em janeiro (Luigi Mamprin/Guia Rural)
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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h56.

Milão - A FAO, órgão da ONU para alimentação e agricultura, alertou nesta quarta-feira os países produtores de alimentos contra a adoção de limites à exportação para proteger mercados locais, na medida em que os preços de alimentos sobem perto dos níveis que levaram a protestos entre 2007 e 2008.

Os preços globais de alimentos subiram acima das máximas de 2008 em dezembro, com o Índice de Preços de Alimentos da FAO em níveis recordes.

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Trigo e outros grãos tiveram um rali em janeiro por temores sobre a oferta ajustada, com os futuros do trigo para moagem na Euronext nos maiores níveis já registrados na quarta-feira.

"A FAO aconselha fortemente contra tais medidas, uma vez que elas frequentemente provocam mais incertezas e interrupções nos mercados globais e puxam mais para cima os preços globalmente, enquanto depreciam os preços domesticamente e ao mesmo tempo reduzem incentivos para produção de mais alimentos", disse Richard China, diretor da Divisão de Política e Apoio a Programas de Desenvolvimento da FAO, em comunicado.

Os preços de grãos dispararam em 2010, enquanto o trigo teve maior alta por uma série de eventos climáticos, incluindo seca na Rússia, que resultou no embargo à exportação. Em 2008, inúmeros países limitaram as exportações.

Novos choques de preços levantaram sérios temores sobre as implicações para os mercados de alimentos em países vulneráveis, disse a FAO em comunicado, ao publicar atualizações sobre como lidar com o aumento dos preços de alimentos nos países em desenvolvimento.

Neste mês foram vistos protestos civis em vários países, incluindo Argélia, Jordânia e Sudão, devido em parte ao aumento dos preços de alimentos.

A FAO pediu aos países que não adotem ações políticas que possam parecer úteis no curto prazo, mas que podem enfraquecer os mercados atuais e terem efeitos prejudiciais no longo prazo ou até agravar a situação.

"Em casos onde os mercados não funcionam bem ou são ausentes, pode ser necessário tomar medidas extremas que são atalhos para mecanismos de mercado. Nesta situação, intervenções também podem ser usadas para ajudar operadores do setor privado emergirem", afirmou a agência.

No médio e longo prazo, apenas investimentos na agricultura de países em desenvolvimento poderia assegurar crescimento sustentável da produtividade, mercados saudáveis, aumento da resiliência para os picos de preços internacionais e melhorar a segurança alimentar, disse o representante da FAO.

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