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Extrema direita protagoniza o fim da campanha eleitoral na Espanha

Pesquisas indicam que o Vox pode dobrar o número cadeiras na Câmara nas eleições do próximo domingo

Espanha: esta é a 4ª eleição legislativa em quatros anos (Albert Gea/Reuters)

Espanha: esta é a 4ª eleição legislativa em quatros anos (Albert Gea/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 11h26.

A força do partido de extrema-direita Vox domina o fim da campanha, dois dias antes das eleições legislativas, as quartas em apenas quatro anos na Espanha e que, segundo as pesquisas, não devem acabar com o bloqueio político.

As sondagens apontam uma vitória sem maioria absoluta do atual primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez.

Também indicam um avanço expressivo do Vox, que atualmente de 24 cadeiras das 350 na Câmara e pode dobrar o seu resultado, o que transformaria o partido na terceira força política da Espanha.

O cenário é utilizado por Sánchez para tentar mobilizar os eleitores de esquerda, como fez em abril, quando venceu as legislativas sem maioria absoluta.

"O que temos que fazer, eleitores progressistas, é nos mobilizarmos em 10 de novembro e frear a extrema-direita com nosso voto", afirmou nesta sexta-feira.

Sánchez criticou os rivais de direita, Partido Popular (PP) e Cidadãos, por sua proximidade com o Vox, graças ao qual já governam as regiões Madri e Andaluzia, além da prefeitura da capital.

Os três partidos deram um passo simbólico na quinta-feira, quando o Parlamento regional madrileno aprovou uma proposta, que não era projeto de lei, promovida pelo Vox, para pedir ao governo central que considere "ilegal de maneira imediata os partidos separatistas que atentam contra a unidade da nação".

Pedro Sánchez "faz um apelo à mobilização da esquerda porque em boa parte isto funcionou em 28 de abril", comenta o cientista político Miguel Requena Teruel.

"No PP começam a temer que o avanço do Vox nas pesquisas seja real", completa.

Tanto PP (66 deputados atualmente) como Vox esperam capitalizar a tensão na Catalunha, onde Barcelona e outras cidades registraram distúrbios inéditos após a condenação de nove líderes separatistas a penas de prisão.

O grande perdedor seria o Cidadãos, partido de centro-direita que parece ter alienado muitos de seus eleitores. As pesquisas apontam a possibilidade de queda de 57 para apenas 15 deputados.

Diante da questão catalã, a economia ficou em segundo plano durante a campanha.

Bloqueio

Como acontece desde 2015, quando o tradicional bipartidarismo PP/PSOE foi implodido, as eleições de domingo serão marcadas por uma grande fragmentação.

A disputa tem três partidos de direita, três de esquerda (PSOE, a extrema-esquerda do Podemos e uma divisão deste último, Mais País), além de três partidos separatistas catalães e dois partidos vascos, além de outras formações regionais.

Sánchez encerra a campanha em Barcelona, enquanto Pablo Casado, líder do PP, Pablo Iglesias, do Podemos, e Santiago Abascal, do Vox, organizam eventos em Madri.

As pesquisas não apontam maioria (176 cadeiras) nem ao bloco de direita nem ao de esquerda, o que deve manter o bloqueio político.

Após as eleições de abril, PSOE e Podemos fracassaram na tentativa de formar um governo de coalizão, o que precipitou as eleições de domingo.

A falta de acordo prolongou o cenário de bloqueio político, que está virando crônico e dificulta o trabalho do Parlamento. Como prova da situação, o orçamento em vigor é o de 2018, elaborado pelo governo anterior do PP.

Sem responder como pensam e solucionar o bloqueio, PP e PSOE insistem em defender ovoto útil.

"Quem deseja que Pedro Sánchez não governe só tem como opção votar no PP", disse Casado.

Os olhares também estão voltados para a Catalunha, onde a plataforma independentista Tsunami Democrático convocou protestos para sábado.

Após os distúrbios de outubro, o governo espanhol mobilizou muitos policiais na região para garantir o desenvolvimento normal das legislativas.

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