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Sequestradores não provam que jornalistas equatorianos estão vivos

Com o fim do prazo, o presidente do Equador afirmou que irá punir os responsáveis pela violação de direitos humanos

Equador: os dois jornalistas e o motorista o jornal El Comercio foram sequestrados no final de março (Mario Tama/Getty Images)

Equador: os dois jornalistas e o motorista o jornal El Comercio foram sequestrados no final de março (Mario Tama/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de abril de 2018 às 14h49.

Última atualização em 13 de abril de 2018 às 14h56.

Expirou o prazo de 12 horas que o presidente do Equador, Lenín Moreno, estabeleceu na noite de quinta-feira para que os sequestradores de uma equipe de reportagem provem que o grupo está vivo, após informações sobre a possível execução dos reféns.

O Equador prometeu uma "ação contundente" contra os sequestradores, um grupo dissidente da ex-guerrilha das Farc, se ao final do prazo não fossem dadas "provas de vida".

"Iremos com toda a contundência e sem contemplações para punir estes violadores de todos os direitos humanos", declarou Moreno logo após retornar ao Equador.

O presidente estava em Lima para a Cúpula das Américas, mas voltou a Quito após informações sobre a possível execução dos jornalistas.

Ainda no Aeroporto de Quito, Moreno enfatizou: "o prazo começa a correr a partir deste momento" para que "nos deem provas de que estão com vida".

O ultimato terminou às 11h00 locais (13h00 de Brasília), mas são reduzidas as esperanças de que os dois jornalistas e o motorista do jornal El Comercio, sequestrados em 26 de março, estejam vivos.

A possível execução em cativeiro dos jornalistas ganhou força depois que a polícia examinou as fotografias de corpos que corresponderiam aos reféns e que foram enviadas ao canal colombiano RCN.

Após a informação, o presidente equatoriano decidiu retornar ao país.

Embora a análise dos peritos tenha determinado a muito provável autenticidade das imagens, Moreno e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, concordaram em aguardar um pronunciamento dos sequestradores para iniciar uma ação "contundente".

"Solicitei a Santos ações contundentes por parte deles. Já basta de contemplações, eu disse, ações contundentes, não podemos deixar que eles imponham suas regras", disse o presidente equatoriano.

Moreno retornou a Quito na companhia de parentes do repórter Javier Ortega (32 anos), do fotógrafo Paúl Rivas (45) e do motorista Efraín Segarra (60).

Os familiares dos sequestrados desejavam uma reunião com Santos à margem da Cúpula das Américas.

O grupo do jornal "El Comércio" foi sequestrado no dia 26 de março, quando realizava uma reportagem na fronteira entre Equador e Colômbia.

No início de abril, um vídeo exibido pelo RCN mostrou Ortega, Rivas e Segarra com algemas e correntes no pescoço.

Os três foram sequestrados quando realizavam reportagens no povoado de Mataje, onde as autoridades dos dois países perseguem guerrilheiros que se afastaram do processo de paz com as já dissolvidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

O Exército colombiano apontou a Frente Oliver Sinisterra, grupo dissidente comandado pelo equatoriano Walter Artízala, conhecido como Guacho, como responsável pelo sequestro.

No início da semana circulou um suposto comunicado deste grupo - cuja autenticidade foi questionada pelos dois países - que anunciava a morte dos reféns.

O texto afirmava que os três equatorianos foram mortos durante uma operação frustrada de resgate coordenada pelos dois governos.

O Equador negou qualquer operação militar. A Colômbia afirmou que "não aconteceram desembarques ou ações especiais que não sejam do conhecimento" e em coordenação com o Equador, mas evitou falar diretamente de uma operação de resgate.

O provável assassinato dos jornalistas e do motorista seria um golpe muito duro para o Equador, país que nunca teve que lidar com um sequestro destas características e era considerado um território de paz em meio aos problemas provocados pelo narcotráfico na Colômbia.

Dezenas de jornalistas e parentes organizaram uma vigília diante da sede presidencial, no centro de Quito, onde todas as noites exigem o retorno dos reféns.

 

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