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Exército ucraniano aumenta cerco a reduto rebelde

Apesar dos confrontos que mataram mais de 10 civis no fim de semana, vários especialistas trabalhavam nesta segunda-feira no local da queda do voo MH17

Refugiados em frente a um hotel tomado por separatistas pró-Rússia, no centro de Donetsk (Bulent Kilic/AFP)

Refugiados em frente a um hotel tomado por separatistas pró-Rússia, no centro de Donetsk (Bulent Kilic/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2014 às 15h25.

Donetsk - As forças ucranianas apertaram nesta segunda-feira o cerco a Donetsk, principal reduto dos separatistas pró-Rússia do leste do país e que mantêm a resistência e, inclusive, forçaram a rendição de centenas de soldados, admitidos em território russo.

Apesar dos confrontos que mataram mais de 10 civis no fim de semana, vários especialistas holandeses, australianos e, pela primeira vez, malaios, trabalhavam nesta segunda-feira no local da queda do voo MH17 e procuravam por corpos e objetos pessoais.

A tragédia, que deixou 298 mortos em 17 de julho, provocou novas tensões internacionais e mais sanções ocidentais.

As forças ucranianas se comprometeram a não iniciar combates na área de destroços do avião da Malaysia Airlines, que está sob controle rebelde. Mas no restante do território separatista prossegue a ofensiva.

"Donetsk e Lugansk são cidades-chave ocupadas atualmente pelos terroristas, nas quais se encontram a maior parte dos terroristas e das armas. Sabemos que não será fácil libertá-las", declarou o ministro ucraniano da Defesa, Valeri Gueletei.

"Tenho 100% de certeza que a vitória está muito próxima", insistiu em uma entrevista à BBC.

Civis em fuga

Donetsk está praticamente em estado de sítio. A prefeitura informou durante a madrugada desta segunda-fera que tiros de artilharia foram ouvidos, o que provocou um movimento de fuga de civis.

O Estado-Maior pediu aos separatistas que respeitassem um cessar-fogo entre 10h e 14h para permitir a saída de civis.

"Vamos embora porque é guerra", disse Igor na estação de Donetsk, ao lado da mãe e com vários pacotes, antes de embarcar com amigos em direção ao oeste do país.

Kiev afirma que sua estratégia é isolar os insurgentes em Donetsk e Lugansk, não atacar a cidade, ante o risco de combates particularmente mortíferos.

Em Lugansk, a prefeitura, que advertiu no fim de semana sobre uma possível catástrofe humanitária, afirmou ser incapaz de oferecer um novo balanço, pois a energia elétrica e a rede de telefonia foram cortadas.

A ONU calcula em mais de 1.100 o número de pessoas mortas desde o início da ofensiva ucraniana, sem contar as vítimas do avião malaio.

O ministro da Defensa afirmou que as forças ucranianas recuperaram 645 localidades desde o início da ofensiva.

"Mas o mundo deve saber que a Rússia adota represálias. Nada os impede, somos alvos de tiros oito vezes ao dia a partir do território russo", denunciou Gueletei.

Moscou anunciou nesta segunda-feira que pelo menos 400 soldados ucranianos em missão no leste do país se renderam e foram admitidos em território russo. Mas um porta-voz ucraniano afirmou que os militares foram obrigados a seguir para um posto de fronteira russo em consequência dos combates.

No local da queda do avião, mais de 100 especialistas internacionais examinavam pelo quarto dia consecutivo os destroços do Boeing da Malaysia Airlines. Eles também recuperavam restos humanos que serão transportados para a Holanda para a identificação.

As sanções europeias contra a economia russa motivadas pela queda da aeronave atingiram, entre outros, a Dobrolet, a filial de baixo custo da Aeroflot, que voava para a península ucraniana da Crimeia (que a Rússia anexou em março). No domingo à noite a empresa anunciou os dois novos Boeing 737 permaneceriam no solo.

O governo alemão bloqueou um projeto de fornecimento de equipamento militar do grupo de defesa Rheinmetall para a Rússia, anunciou o ministério da Economia nesta segunda-feira, acrescentando esperar que os europeus também proíbam de maneira retroativa o fornecimento de armamento a Moscou.

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