O ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo, discursa em Assunção (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2012 às 22h27.
Assunção - O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo desistiu de concorrer à reeleição nas presidenciais de 21 de abril de 2013, ao anunciar nesta quinta-feira o nome do médico Aníbal Carrillo como candidato do movimento Frente Grande, coalizão de pequenos partidos de esquerda.
"O candidato a presidente da Frente é Aníbal Carrillo. No poder, Carrillo continuará as obras que começamos a desenvolver até os golpistas nos tirarem do governo", disse o ex-bispo católico.
Lugo foi destituído da presidência do Paraguai no dia 22 de junho, após um julgamento político do Congresso, "pelo mal desempenho de suas funções", que determinou sua saída e a posse do vice-presidente Federico Franco.
Após aceitar o resultado e abandonar o palácio do Governo, Lugo denunciou sua destituição, apoiado pelos presidentes do Mercosul e pela maioria da Unasul, que consideraram a medida como um "golpe parlamentar" e resolveram suspender o Paraguai do bloco.
Carrillo deve buscar um acordo para unir o movimento de Lugo com o de outro candidato ao cargo de chefe de Estado, o jornalista Mario Ferreiro, que lidera o movimento Avança País.
Ferreiro foi, a princípio, o candidato oficial do ex-bispo, mas ele mudou de opinião por mal-entendidos na formação das listas de candidatos a senadores e escolheu Carrillo.
O ex-presidente do Paraguai, partidário da Teologia da Libertação na Igreja Católica, tinha anunciado várias vezes que se candidataria novamente à Presidência.
A Constituição proíbe a reeleição, mas Lugo argumentou que não terminou seu mandato de cinco anos.
Os representantes de partidos tradicionais, os ministros da Justiça Eleitoral e a imprensa em geral, disseram que uma postulação de Lugo à presidência seria um desafio à ordem constituída, para boicotar as eleições e dar continuidade ao isolamento que o Paraguai sofre.
Lugo tinha declarado, no dia 9 de outubro, à imprensa em Assunção que apresentaria sua candidatura à reeleição, apesar da proibição constitucional.
Um mês antes, durante uma visita em Montevidéu, Lugo tinha informado que analisava ser candidato a senador nessas eleições.