Ex-presidente egípcio Mubarak nega ter matado manifestantes
Hosni Mubarak, de 88 anos, havia sido condenado à prisão perpétua em 2012, mas um tribunal de apelação ordenou um novo julgamento
Reuters
Publicado em 2 de março de 2017 às 14h08.
Cairo - O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak negou qualquer envolvimento na morte de manifestantes durante a revolta de 2011 que pôs fim a seus 30 anos no poder nesta quinta-feira, início do julgamento final do caso.
Mubarak, de 88 anos, havia sido condenado à prisão perpétua em 2012 por conspirar para assassinar 239 manifestantes, semeando o caos e criando um vácuo de segurança durante uma revolta de 18 dias iniciada em janeiro de 2011, mas um tribunal de apelação ordenou um novo julgamento.
Este segundo julgamento culminou em 2014, quando uma corte egípcia anulou o caso. Mas a procuradoria apelou da decisão e ordenou mais uma revisão na maior corte de apelação do país.
O novo julgamento começou nesta quinta-feira, quando o juiz leu as acusações a Mubarak. Ele e seu ministro do Interior foram acusados de providenciar veículos e armas usados para atacar os ativistas e de não adotar ações para evitar mortes.
Sentado em uma cadeira de rodas dentro da jaula dos réus, e sem seus óculos escuros característicos, Mubarak respondeu: "Isso não aconteceu".
Há tempos Mubarak vem afirmando sua inocência no caso, e disse que a história irá julgá-lo um patriota que serviu a seu país abnegadamente. Ele acenou para apoiadores entre os jornalistas e outros presentes no tribunal.
Do lado de fora, um pequeno grupo de apoiadores de Mubarak se reuniu e exibiu pôsteres do ex-presidente, exigindo que ele seja solto e honrado por seu serviço.
Centenas de pessoas morreram quando as forças de segurança se chocaram com os manifestantes semanas antes de Mubarak ser forçado a deixar o poder.
Muitos egípcios que viveram durante o governo Mubarak o veem como um período de autocracia e capitalismo de compadrio.
Sua queda propiciou a primeira eleição livre do Egito, mas o presidente islâmico Mohamed Mursi foi deposto depois de um ano pelo então comandante do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, que posteriormente venceu uma eleição presidencial em 2014.