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Ex-prefeito de Caracas pede intervenção humanitária na Venezuela

Ledezma estava em Brasília, onde se reuniu com autoridades do governo Temer e pediu apoio para os "democratas venezuelanos"

Ledezma: "o mundo sabe que na Venezuela há 26 milhões de pessoas sequestradas" (Roberto Jayme/Reuters)

Ledezma: "o mundo sabe que na Venezuela há 26 milhões de pessoas sequestradas" (Roberto Jayme/Reuters)

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EFE

Publicado em 29 de abril de 2018 às 13h58.

Brasília - Os venezuelanos estão "sequestrados" por um "regime opressor" e sofrem uma "catástrofe" econômica e social que demanda uma "intervenção humanitária" internacional, declarou em entrevista com a Agência Efe o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma.

"Invoco, em nome do martirizado povo da Venezuela, o início da intervenção humanitária" prevista em convenções e resoluções internacionais, disse Ledezma em Brasília, onde se reuniu com autoridades do governo de Michel Temer e pediu apoio para os "democratas venezuelanos".

Segundo ele, "o mundo sabe que na Venezuela há 26 milhões de pessoas sequestradas", com seus direitos políticos suprimidos, na prisão por suas "ideias" e imersos na miséria e na fome, o que gerou um êxodo em massa cujos efeitos já são sentidos nos países que receberam uma inesperada e crescente onda migratória.

"Quando uma sociedade ou uma família é vítima de um sequestro, os organismos de segurança atuam", afirmou Ledezma, exilado na Espanha desde novembro do ano passado, quando fugiu - ou "se autolibertou", como ele diz - da casa onde cumpria prisão domiciliar e deixou seu país.

O ex-prefeito de Caracas afirmou que "quando um regime não tem capacidade de garantir a vida, a saúde, a alimentação do seu povo, prevalece o direito humano desse povo e não interessa o governante".

Além disso, apontou que "quando um regime não é capaz de garantir" que não haja uma repressão "em massa e sistemática", como diz que ocorre na Venezuela, "o princípio de autodeterminação dos povos" deve ceder ao "início de intervenção ou interferência humanitária".

Segundo Ledezma, "isso é o que a comunidade internacional tem que revisar", pois de outro modo será "espectadora de um extermínio e então não valerão as mensagens diplomáticas de consolação, tampouco servirão as resoluções compassivas, enquanto o povo venezuelano continua morrendo, continua sendo massacrado, como ocorre hoje".

Em sua excursão, Ledezma visitou Peru, Costa Rica, Panamá, Flórida (Estados Unidos), Argentina e, após a escala no Brasil, irá na próxima semana ao Chile.

Em todos os casos, se reuniu com líderes, parlamentares e dirigentes políticos para pedir "solidariedade" com os cidadãos venezuelanos e "não com a oposição", pois a Venezuela "não precisa um abraço de pêsames depois que a pátria tenha morrido", mas de "uma mão estendida que a ajude a sair desta tragédia".

Nesse sentido, o político venezuelano defendeu a aplicação de sanções individuais como as anunciadas pelos EUA e a União Europeia (UE) a alguns membros do alto escalão do governo venezuelano e também pediu que não sejam reconhecidas as eleições convocadas para o próximo dia 20 de maio.

"Podem ser chamadas de trapaça, fraude, armadilha, mas não de eleições", pois todo o processo "é controlado por um aparelho político" que está "a serviço da continuidade" do presidente Nicolás Maduro.

Segundo Ledezma, a oposição mostrou sua vontade democrática quando protestou de forma cívica e foi reprimida, quando tentou ativar o referendo revogatório previsto na Constituição e compareceu a mesas de diálogo que "mais tarde terminaram sendo uma farsa, uma paródia que custou muito caro ao povo".

O ex-prefeito disse que "infelizmente, tudo isso foi provocado pelo regime", o que leva a uma situação em que "não se pode falar de diálogo ou negociações, a não ser que seja para definir os termos da saída do ditador".

Na sua opinião, só a saída de Maduro do poder permitirá uma "reconciliação dos venezuelanos" e recuperar a "tolerância" e o "respeito pelas diferenças", de maneira que "não importe o credo, a cor da pele ou o viés ideológico" de cada cidadão.

Ledezma também afirmou que uma mudança política no país abrirá o "início da reconstrução" do aparelho produtivo e do tecido social, e irá "corrigir o dano moral que este regime causou à Venezuela", que "deve voltar a ter valores e a fazer política com ética".

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