Evo Morales chega ao México após receber asilo político
Morales afirmou que o México salvou sua vida; país concedeu asilo após o boliviano renunciar ao cargo de presidente da Bolívia no domingo (10)
EFE
Publicado em 12 de novembro de 2019 às 14h41.
Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 14h54.
Cidade do México - Após renunciar à presidência da Bolívia no último domingo, Evo Morales desembarcou nesta terça-feira (12) no México , onde recebeu asilo.
Logo depois chegar à cidade do México, Morales reafirmou as alegações de um golpe na Bolívia e disse que seguirá na política enquanto estiver vivo. Morales afirmou que a oposição conduziu repressão contra dirigentes e outras autoridades de seu movimento político, por isso o México "salvou sua vida" ao lhe conceder asilo.
"O pior delito ou pecado é que ideologicamente somos anti-imperialistas" afirmou ele, dizendo que não havia abandonado a política. "Não é por esse golpe que vou mudar ideologicamente, de ter trabalhado com setores mais humildes", garantiu.
Morales não detalhou quais devem ser seus próximos passos, na declaração relativamente breve dada por ele num aeroporto da Cidade do México.
O Ministério das Relações Exteriores do México teve que negociar com vários governos sul-americanos para garantir uma viagem segura de Morales ao país, disse o chanceler mexicano, em uma entrevista coletiva.
Morales viajou a bordo de um avião da Força Aérea mexicana que decolou ontem à noite na Bolívia e fez uma escala no Paraguai para reabastecer antes de iniciar um percurso mais longo que o planejado para cruzar a América Latina.
O ex-presidente boliviano, que recebeu asilo por "razões humanitárias" e por correr risco de morte, segundo as autoridades mexicanas, chegou ao hangar do Sexto Grupamento Aéreo Internacional, antigo hangar presidencial, do aeroporto da Cidade do México por volta das 11h15 (horário local; 14h15 de Brasília).
O México garantiu o asilo político a Morales na segunda-feira (11).O chanceler mexicano informou que o asilo foi concedido porque “sua vida e integridade correm riscos”.
Renúncia
Na noite de domingo, 10, Evo denunciou que havia uma ordem de “prisão ilegal” contra ele. “Denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um oficial da polícia anunciou publicamente que tem a instrução de executar uma ordem de prisão ilegal contra a minha pessoa”, tuitou ele, que anunciou também que “grupos violentos” atacaram sua casa.
Além de Morales, três ministros e o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, também entregaram seus cargos na tarde do domingo.
Antes do anúncio da renúncia, Morales havia convocado novas eleições presidenciais, o que reacendeu a pressão de políticos da oposição e de manifestantes pela saída do presidente. As forças armadas da Bolívia haviam pedido que o presidente entregasse o cargo para um processo de pacificação do país.
Na manhã do domingo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um comunicado recomendando que a Bolívia anulasse as eleições de outubro – que deram a Morales o que seria seu quarto mandato consecutivo – e convocasse um novo pleito.
(Com EFE, Reuters e Estadão Conteúdo)