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Eurozona enfrenta tensão com Reino Unido e risco de perder o triplo A

Bolsas europeias voltaram a cair nesta segunda-feira apesar do acordo feito na última semana

Os temores sobre o futuro do euro continuam (REUTERS/Ralph Orlowski)

Os temores sobre o futuro do euro continuam (REUTERS/Ralph Orlowski)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2011 às 17h35.

Paris - Os efeitos do acordo alcançado na reunião de cúpula europeia da semana passada duraram pouco, depois da abertura de uma nova frente de tensão com a Grã-Bretanha, num mercado temeroso de que as agências de classificação rebaixem a nota de solvência da dívida de seus países, ao que se soma uma desaceleração da economia.

As bolsas europeias fecharam no vermelho nesta segunda-feira, com a de Milão liderando as perdas: 3,79%, seguida por FranKfurt, 3,36% negativos; Madri, menos 3,11%; Paris, menos 2,61% e Londres, em baixa de 1,83% - arrastadas pelas fortes perdas dos bancos. O euro chegou a ser cotado, durante o dia, abaixo de 1,32 dólar.

Ao lado desse cenário, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) anunciou o registro de uma "desaceleração da atividade" das grandes economias em outubro, enquanto que a agência de classificação Fitch revisou para menos a expectativa de crescimento mundial para 2012 e 2013, a 2,4% e 3,0%.

As nuvens da crise se abatiam novamente sobre as economias da Zona do Euro, deixando para trás os efeitos positivos do acordo para um pacto fiscal que abalou a unidade europeia, depois da rejeição da Grã-Bretanha a assiná-lo, apesar do apoio de outros 26 países.

Tanto o comissário de Assuntos Monetários da UE, Olli Rehn, quanto o presidente francês, Nicolas Sarkozy, lamentaram o fato de o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, ter-se recusado a se somar ao acordo, voltado para endurecer a disciplina fiscal.

Sarkozy, que foi um dos artífices desse pacto, junto com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, considerou que a negativa britânica "criou duas Europas", segundo entrevista concedida ao jornal Le Monde.

Olli Rehn lamentou a negativa "não apenas pelo bem da Europa, mas pelo futuro dos britânicos".


Cameron defendeu seu veto nesta segunda-feira no Parlamento, assegurando que foi a "resposta correta" a ser dada, embora tenha insistido em que o Reino Unido continue sendo "membro de pleno direito" da UE.

"A escolha a ser feita era entre um tratado sem as salvaguardas adequadas ou nenhum tratado, e a resposta certa para isso era nenhum tratado", declarou Cameron num pronunciamento na Câmara dos Comuns, onde brilhou pela ausência o vice-primeiro-ministro, o liberal-democrata e pró-europeu Nick Clegg.

A agência de classificação Moody's considerou que, com a Grã-Bretanha ou sem ela, a reunião de cúpula europeia destacou-se pela falta de medidas destinadas a estabilizar os mercados em curto prazo e informou que reexaminaria nos próximos três meses a nota da dívida de todos os Estados da UE.

Na primeira prova de fogo para a dívida soberana de um país da Zona depois do acordo fiscal, a Itália pagou, nesta segunda-feira, juros de 5,952%, em leve baixa em relação à emissão anterior dos papéis da dívida a 12 meses, embora continuem excepcionalmente altos, ameaçando os objetivos do governo de Roma de reduzir o déficit público.

O governo de Mario Monti enfrentou também, nesta segunda-feira, uma greve nacional de três horas, a primeira coordenada pelos principais sindicatos em seis anos, contra os cortes draconianos anunciados para reduzir a dívida colossal italiana de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB).

Já a Grécia se prepara para uma nova rodada de negociações tensas com os credores internacionais e possuidores de papéis da dívida para pôr em prática o novo plano de resgate acertado com a Zona do Euro no dia 21 de outubro passado, que prevê o perdão de 50% do débito em mãos privadas, representando 100 bilhões de um total de 350 bilhões da dívida pública do país.

O ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, deve reunir-se ainda hoje com os auditores da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, além do chefe do Instituto Internacional de Finanças, Charles Dallara, que representa os bancos.

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